Do açúcar à rigidez dos doces, a Páscoa por vezes é sinónimo de idas de emergência ao dentista para tratar das sequelas que as guloseimas da temporada provocam. Seja para crianças, seja para adultos, veja o que recomendam uma odontopediatra e uma dentista para esta época do ano
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Festas em família, doces, presentes para os afilhados e, por vezes, idas ao dentista. A época da Páscoa deve ser sempre rica em acontecimentos desejáveis, evitando os inconvenientes. A fusão entre o açúcar e a doçaria de textura rígida, como acontece com as amêndoas, arrisca, por vezes, a levar a celebração para a cadeira do médico, sobretudo se não houver cuidados.
“Na maioria das vezes, as amêndoas estão envoltas em açúcar puro, chocolate ou numa massa crocante açucarada, como é o caso das amêndoas espanholas. Mesmo as mais seletivas - 'sem açúcar' ou 'sem lactose' - apresentam capacidade elevada de causar cárie dentaria”, avisa a médica dentista Diana Valente.
Porém, os perigos podem ir mais além: “As amêndoas de Páscoa podem, pela sua consistência dura, causar fraturas dentárias e causar dor na articulação (ATM)”, sublinha a diretora da clinica dentária Santa Madalena, que alerta ainda para o risco de “doença periodontal (gengivas)”. Lesões que podem ser dolorosas no imediato ou a prazo e que ocorrem “frequentemente em dentes ‘desvitalizados’ e restaurados”. Por isso, as recomendações que a médica dentista deixa para esta altura do ano passam por saborear as amêndoas “em vez de as trincar” e escovar os dentes de forma “eficiente, crucial na remoção da placa bacteriana, para evitar complicações que necessitem de tratamento urgente”.
Mas, e o que fazer no caso das crianças? Se proibir não é solução, porque - como afirma a odontopediatra Ana Raquel Vieira - “vai haver sempre uma tia que dá um ovo ou uma avó que dá as amêndoas”, então o melhor é trabalhar na prevenção e na minimização dos “efeitos dos açúcares nos dentes”.
Nesse sentido, se o acesso aos doces é maior, a procura da escova e da pasta devem acompanhar essa mesma intensidade. “Devemos garantir que aumentamos a quantidade de escovagens diárias, como, por exemplo, tentar lavar os dentes depois do almoço e depois do lanche”, pede Ana Raquel Vieira, pedindo “supervisão parental” mais eficaz nestes momentos do dia, e para que os progenitores consigam evitar cáries nos mais pequenos.
Como possibilidade alternativa, a especialista em dentição infantil afirma que “o uso de pastilhas com xilitol provoca o aumento da produção de saliva, diminuindo assim a quantidade da placa bacteriana e risco de cárie”. Contudo, também salvaguarda que as mesmas “não substituem a escovagem e devem ser usadas preferencialmente quando não há possibilidade de escovar os dentes”.
Recomendações possíveis para épocas festivas especiais, mas que, quando se trata de crianças, não podem dispensar a importância da informação. Nesse sentido, a odontopediatra sublinha a necessidade de explicar aos mais novos que “nas épocas festivas podemos comer doces (sem exageros), desde que tenhamos todos os cuidados de higiene oral” e de relembrar “os malefícios do açúcar quer a nível dentário, quer a nível da saúde geral”. Indicações que não devem dispensar o tempo disponível para estar de férias, aproveitando este momento para “fazer um check-up dentário”.