Ciência crê que apenas dois em cada 20 beijos podem transferir glúten acima do limite de segurança, mas sem que comprometam a saúde. Investigação indica a estratégia ideal caso um dos elementos do casal seja celíaco
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Estudo científico procurou perceber se o beijo pode ser um gesto transmissor de glúten, sobretudo por parte de quem ingere a proteína presente em cereais como trigo, cevada e centeio e, de seguida, beija alguém que seja intolerante.
A análise desenvolvida na Universidade norte-americana de Columbia traz boas notícias e alívio para quem tenha doença celíaca, mas que esteja com um parceiro que, antes de beijar, tenha comido uma sanduíche ou uma fatia de pizza, contendo glúten. As conclusões indicam que, em média, dois em cada 20 beijos podem apresentar vestígios que sejam considerados acima do limite de segurança, e que foi estipulado em 20 partes por milhão (ppm).
Para chegar a estes resultados, a equipa de investigadores compôs uma amostra dez casais e em que um deles era intolerante a esta proteína. Ao elemento que não tinha restrições foi pedido que ingerisse biscoitos que, no total, contivessem 590 miligramas de glúten. Depois, foi solicitado que beijassem o parceiro celíaco por dez segundos, sendo posteriormente analisada a saliva de quem não podia ingerir a proteína. Mas antes, os investigadores dividiram os casais em dois grupos: os que viram a saliva ser medida cinco minutos após o beijo e, de um outro lado, os que beberam um copo de água entre o fim da ingestão do alimento com glúten e antes do beijo, sem qualquer compasso de espera. Na reta final do estudo, todos os casais deveriam fazer testes de urina em casa para detetar a eventual presença de glúten.
Os resultados mostram que beber água antes de beijar reduzia a presença de glúten na saliva do parceiro intolerante e, das 20 interações estudadas, só dois casos apresentaram níveis superiores ao seguro e um teve resultado positivo para a presença da proteína no teste de urina, mas sem que isso tivesse desencadeado reações adversas. Estas conclusões vêm trazer algum alívio para quem lida diretamente com a doença e a quem tem sido recomendado estratégias como escovar os dentes ou medidas mais invasivas, podendo travar momentos de intimidade.
“Toda a gente se preocupa se o glúten está presente na comida de um restaurante, mas ninguém olha para o que acontece quando há um beijo”, aponta, citada em comunicado, a autora do estudo e pesquisadora do Centro de Investigação Celíaca, da Universidade de Columbia. Anna Lee lembra que “os conselhos que até agora temos vindo a dar sobre os beijos e a doença celíaca foram baseados em precauções e suposições. Por isso, pareceu-nos importante fazer pesquisas para ver se havia riscos reais”. Afinal, como revela a autora, “descobrimos que muitos dos nossos pacientes evitavam fazer uma refeição durante um encontro romântico e hesitavam beijar alguém depois de comer”, pelo que a ideia dos testes de saliva acabaram por impor-se.