Investigação italiana terá encontrado empresas que tinham funcionários que recebiam entre 2,75 e 3 euros por hora (menos de 1/3 - 10 euros - previstos) em contratos nacionais. Valores que, depois de somados, estariam alegadamente sujeitos a abates para o pagamento de alojamento, 150 euros, e alimentação, 100 euros.
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A célebre marca de luxo de calçado Tod"s está a ser acusada pelas autoridades italianas de explorar laboralmente trabalhadores no âmbito da sua cadeia de produção. A revelação surge após ter sido conhecida a decisão do Supremo Tribunal de Itália, que marcou ardência para 19 de novembro para precisar o âmbito do caso.
A insígnia já reagiu e garantiu, em declarações à agência noticiosa Reuters, que está cumprir todos os requisitos legais exigidos. "Só podemos reiterar que a Tod's cumpre a legislação em vigor, incluindo a laboral, e que são realizadas verificações regulares às oficinas que selecionamos e utilizamos", afirma. Segundo o mesmo comunicado, a Tod"s assevera que todas as subcontratadas assinam acordos nos quais se comprometem a assegurar qualidade no ambiente de trabalho e cumprimento de contratos. Entendimento distinto têm os procuradores italianos, que acusam a empresa de, como refere a agência noticiosa, de "falhar culposamente" no processo de supervisão.
Segundo a investigação, estão em causa os prestadores de serviços da região de Milão e Marche para a produção de uniformes, entre 2023 e 2024, que terão depois subdelegado o trabalho a empresas de propriedade chinesa. Nelas, terão sido encontrados funcionários que recebiam entre 2,75 e 3 euros por hora (menos de 1/3 - 10 euros - previstos) em contratos nacionais. Valores que, depois de somados, seriam alegadamente descontados para o pagamento de alojamento, 150 euros, e alimentação, 100 euros.
O ministro italiano da Indústria, Adolfo Urso, já se terá manifestado esta quarta-feira, 8 de outubro, afirmando que o executivo já submeteu projeto de lei para garantir a certificação legal de empresas de moda de luxo ao abrigo do desígnio Made in Italy. Medida, aliás, anunciada em julho deste ano. "Não podemos permitir que o comportamento ilícito de alguns comprometa a reputação de todo o sector, penalizando muitas empresas talentosas e, consequentemente, a nossa marca Made in Italy, que é um símbolo de excelência e qualidade", afirmava, à data, Adolfo Urso aos órgãos do comércio de moda. O modelo que estava em estudo passava por certificar, de forma antecipada, a sustentabilidade e legalidade das empresas da cadeia de abastecimento. Uma proposta que pretendia fazer com que as marcas de luxo já não precisassem de responder pela conduta dos seus fornecedores ou empresas subcontratadas.
Recorde-se que o caso mais recente de administração judicial por suposta exploração laboral tocou a marca de luxo Loro Piana, controlada pelo grupo francês LVMH, também em julho. Antes, também a Armani, em abril, a Valentino em maio, a Dior em junho e a empresa italiana de bolsas Alviero Martini em julho foram colocadas sob supervisão.