As mulheres que correm habitualmente longas distâncias não estão livres de se lesionarem. Para lá do esforço, cientistas identificam eventual ligação entre os traumatismos e volume de calorias e gramas de gordura e fibras ingeridas por dia
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A análise reuniu 15 estudos, que somavam mais de seis mil mulheres praticantes de corrida, correlacionou hábitos alimentares com lesões e concluiu que a prevenção de impactos físicos provocados pelo desporto também se faz à mesa. Embora esta conclusão não seja inaudita, talvez o que se deva colocar no prato seja.
Os investigadores revelam que as praticantes que ingeriam menos calorias e gordura estavam mais expostas ao risco de desenvolverem lesões. Uma conclusão que vem, uma vez mais, pôr ainda mais em evidência os perigos de dietas restritivas quando conciliadas com prática desportiva.
De acordo com o estudo elaborado na Universidade do Sul da Austrália, publicado no Journal of Science and Medicine in Sport ( e que pode ser consultado no original aqui), existem até contas feitas com bastante precisão: as mulheres mais propensas a lesões consumiam menos 450 calorias, menos 20 gramas de gordura e menos três gramas de fibra por dia do que as praticantes que evidenciam menor volume de lesões. A equipa diz não ter encontrado correlações especialmente evidentes na propensão para traumatismos no desporto face ao consumo de proteínas, hidratos de carbono, álcool e cálcio.
“A nutrição é fundamental para otimizar o desempenho atlético, fornecendo energia, apoio à recuperação e prevenção de lesões necessárias para manter a resistência e a saúde geral", sublinha, em comunicado, a autora e coordenadora do estudo, a dietista desportiva e mestre em saúde pública. Erin A. Colebatch, que lembra que "cerca de 50% dos corredores adultos sofrem lesões relacionadas com a corrida", lamenta que "muitos praticantes de longas distâncias subestimem as necessidades energéticas", pelo que, "quando não abastecem os corpos adequadamente, aumentam o risco de lesões".
A coautora do estudo, a médica e dietista em saúde pública, Alison Hill, recorda, no mesmo comunicado, que “quando as corredoras não consomem energia suficiente, as necessidades do corpo não são satisfeitas, o que, com o tempo, pode levar a problemas como desmineralização do esqueleto, perda de massa corporal magra, fadiga e fraturas por stress”. Pede, por isso, que os clínicos orientem as praticantes a começarem o treino... com faca e garfo e muito antes de calçarem os ténis.