Apesar de se estimar que o lipedema seja uma doença que tenha uma eventual componente hereditária, cirurgião vascular explica o que fazer na contagem de decrescente para o tempo de praia: da alimentação aos exercícios mais apropriados. Saiba como lidar com este aumento desproporcional de gordura em membros do corpo
Corpo do artigo
Não bastava ser uma condição difícil e por vezes dolorosa para muitas mulheres, o lipedema “agrava sintomas e sinais no verão, e é nesta época que os corpos são mais expostos”, confirma o cirurgião vascular Sérgio Sampaio. A doença, muito além das já sempre conhecidas preocupações com a celulite, caracteriza-se pela presença desproporcional de gordura em alguns membros do corpo: pernas, braços.
Mas como evitar? A resposta passa mais por algo “como minimizar efeitos”, nunca sendo tarde para dar início à batalha. “O que se recomenda a três, a dois ou a um mês das férias é o mesmo começar”, afirma o especialista da Allure Clinic Porto. Sampaio sugere, por isso, “obter firmeza no diagnóstico e confiança no plano terapêutico”. “No fundo, encontrar um médico com competência nesta condição e tomar decisões partilhadas que incluirão sempre: exercício físico adaptado (zero impacto, regularidade), dieta anti-inflamatória (não confundir com restrição calórica – desnecessária e ineficaz nos casos de lipedema “puro”), drenagem linfática manual frequente, eventualmente suporte farmacológico. É indispensável ter um quadro realista do que pode ser esperado em termos de resultados”, sublinha o cirurgião vascular.
E se assim for, o médico vinca que, “na maior parte das vezes, algumas semanas após iniciar o processo é possível notar muito menos sintomas - como dor ao toque, hipersensibilidade, tensão -, alguma melhoria do aspeto da pele - mais regular, com menos pregas, ondas ou nódulos, com textura menos congestionada, um tom menos vinoso - e uma moderada ou escassa diminuição de volume”.
Sérgio Sampaio não descarta o fator hereditariedade da doença, ainda que “não seja calculável para já”. “Muitas doentes referem a presença desta morfologia de membros nas ascendentes familiares, e não necessariamente no lado materno”, alerta o cirurgião.
Quais os melhores desportos?
Para lá de um plano pensado e trabalhado de forma mais ampla, como referiu o especialista, há práticas desportivas que podem melhorar esta condição de saúde. ”Exercícios que aumentem o estado inflamatório não adiantam, acabam, isso sim, por ser prejudiciais. Entre os exemplos de algo a evitar estão a corrida ou saltar à corda. Pelo contrário, exercícios na vertical dentro de água fria costumam ser apontados como ideais: hydrobike, acquajogging”, detalha, pedindo “muito exercício e regular”, mas com atenção para eventual dor.
“Quanto à alimentação, nunca deixo de recomendar a orientação por um profissional”, refere. Contudo, “álcool, acúcar, processados, podem desde logo passar a ser olhados (muito) de lado por quem tem lipedema”, avança o especialista.
Sérgio Sampaio deixa ainda um alerta: “É fácil tomar más decisões com a melhor das intenções. Vou dar um exemplo: costuma recomendar-se, e bem, algum grau de restrição à ingestão de glúten. Muitas doentes passam a adquirir pão sem glúten – produzido para doentes celíacos, sem glúten, de facto, mas carregados de ingredientes inflamatórios.”