Velório de Diogo Jota e do irmão, André Silva, decorre esta sexta, 4 de julho. O adeus aos futebolistas, que morreram num acidente de viação, em Espanha, é momento de amparo para os familiares, para quem os gestos e palavras contam. Psicólogas explicam o que deve ser dito e evitado junto de quem sofre uma dura perda
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“Não se deve dizer nada que tente ‘explicar’ a dor”, reage, sem inequívocos, a psicóloga Carolina de Freitas Nunes em resposta ao que pode ser dito e ao que tem mesmo ser evitado quando se está diante de uma família que perdeu os seus filhos. Num momento em que Portugal e parte do mundo se comovem e se despedem dos futebolistas e irmãos Diogo Jota, de 28 anos, e André Silva, com 25, que morreram num trágico acidente de viação, que aconteceu na madrugada de quinta-feira, 3 de julho, em Espanha, é preciso olhar com empatia para os que ficam.
Para a neuropsicóloga e diretora clínica da CogniLab, devem evitar-se “frases feitas como “eles estão num lugar melhor” ou “um dia vais perceber porquê” ferem, mesmo que ditas com boas intenções”. Filipa Jardim da Silva, em declarações anteriores à Delas, também seguia por este sentido: considerações que minimizem a dor e que refletem a ideia de que a pessoa vai “melhorar rápido” e ignoram o significado da perda são absolutamente desaconselhadas. A psicóloga pede, por isso, reflexão, pausa e recuo antes de proferir frases como 'vai passar, o tempo cura tudo', 'tu és forte, vais dar a volta a isto' ou ainda 'o teu filho queria que continuasses com a tua vida'.
Tanto Carolina de Freitas Nunes como Filipa Jardim da Silva sugerem formas mais empáticas de abraçar quem perdeu os seus. “Numa perda tão fora de ordem — dois filhos, um casamento interrompido, três crianças sem pai — o mais importante é estar”, recomenda a primeira. A segunda sugere expressões que reconhecem a dor e que reforçam que o vínculo materno não desaparece com a morte.
Frases como 'estou aqui' ou 'não há palavras, mas estou contigo' podem, no entender de Freitas Nunes, ser mais bem-vindas. A neuropsicóloga pede para que, “acima de tudo, se validem os sentimentos vividos neste momento”. “O amor não resolve a dor, mas ampara-a. E, nestes casos, o silêncio verdadeiro vale muito mais do que uma explicação bem-intencionada”, avisa.
O funeral dos futebolistas Diogo Jota e André Silva realiza-se às 10.00 horas de sábado, 5 de julho, na Igreja Matriz de Gondomar.