Oito em cada dez cuidadores informais dizem precisar de apoio psicológico, mas só quatro o pedem. Num país em que se estima que 1,4 milhões de pessoas estejam neste papel, das quais 86% são mulheres, Ordem dos Psicólogos lança cinco recomendações estratégicas para definir políticas públicas
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A Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) sugere, em novo documento tornado público, a criação “ao nível municipal, de bolsas de voluntários/as especializados/as para cuidados temporários”, como forma de fortalecer a rede de apoio a cuidadores informais, garantindo ajuda para com a pessoa cuidada e o direito ao descanso e à inclusão social a quem cuida.
Esta é uma das medidas, a par da exigência de “um psicólogo por cada cinco mil utentes nos Cuidados de Saúde Primários” para acomodar também as necessidades dos cuidadores informais. Segundo dados da entidade, Portugal conta com um milhão e 400 mil pessoas que prestam cuidados diretos, não remunerados, a familiares, amigos ou vizinhos em situação de dependência, dos quais “86% são mulheres e 88,3% reportam já ter experienciado exaustão emocional”, lê-se no documento.
“Os cuidadores informais têm risco 51% maior de depressão e até 38% maior de problemas de ansiedade”, acrescenta a OPP, indicando que oito em cada dez reconhecem precisar de apoio psicológico, mas só quatro o procuram. A entidade pede “maiores benefícios em comparticipações e nas reduções de taxas e impostos, nomeadamente, na aquisição de medicamentos e de tecnologias assistenciais ou, ainda, em serviços de suporte formal de cuidados, de reabilitação ou de acompanhamento psicológico”.
A entidade sugere que seja estabelecida proteção laboral aos cuidadores que passe por estabelecer “um período alargado de faltas justificadas, licenças de assistência sem quebra de remuneração no apoio urgente ou programado e, por exemplo, um subsídio diário de assistência em situações de cuidados de curta ou média duração” e que seja implementada “uma estratégia nacional de promoção da literacia para cuidadores informais” de caráter preventivo. Entre eles, a OPP pede “o reconhecimento do papel do cuidador e da cuidadora informal, o conhecimento sobre os direitos consagrados no Estatuto de Cuidador Informal e os apoios existentes, a literacia sobre condições de Saúde física e psicológica mais prevalentes; o reconhecimento de sinais de risco e alerta; a adoção de comportamentos de autocuidado e promotores da Saúde e a divulgação de contactos de apoio e recursos disponíveis.