"Tsunami", "pior que a covid-19" e uma promessa: moda e calçado não cedem nos EUA apesar das tarifas
Associações da moda e calçado nacionais estiveram reunidas com o ministro da Economia para definirem estratégias para mitigar as pesadas tarifas impostas por Trump. Sendo os EUA um dos maiores mercados exportadores para Portugal - e com pano para mangas para crescer - entidades pedem apoios, retaliação e mexidas
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Estados Unidos da América são o quarto maior país exportador da moda nacional e o sexto do calçado nacional. Para ambos os setores, as perspetivas eram de crescimento nacional no outro lado do Atlântico até que o presidente dos EUA Donald Trump, numa imposição de tarifas aduaneiras a todo o mundo, começou a manchar o futuro da fileira da moda ‘made in’ Portugal.
As “tarifas recíprocas” de 20% à União Europeia ameaçam todos os setores, mas, no que diz respeito ao vestuário e aos sapatos, as associações falam em “tsunami”. “Agora a água voltou para trás e temos, nesse movimento, duas e três semanas para montar operações”, alerta o presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e de Confeção. César Araújo quer acreditar que “a União Europeia chegue a um acordo, se não isto poderá ser pior que a Covid-19”. “Na Covid, ainda conseguimos vender produtos, as máscaras, o têxtil reinventou-se. A coisa correu mal, mas havia um pequeno mercado, agora é a perda de um mercado extremamente relevante para Portugal”, vinca.
A Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Sucedâneos (APICCAPS) recusa “cenário catastrofista” e rejeita que “medidas protecionistas ponham em causa a economia e os progressos da humanidade”. Contudo, Paulo Gonçalves espera medidas “ponderação, serenidade e a construção um futuro mais competitivo”.
Estas associações estiveram reunidas com o ministro da Economia, Pedro Reis, esta terça-feira, 8 de abril, onde expressaram preocupações, pedidos, planos, retaliação em caso de irredutibilidade os EUA e medidas que devem ir além da negociação apenas com os Estados Unidos da América. Resultados de encontros que pode ler aqui e aqui.
Uma coisa é certa, apesar das tarifas, nem o calçado, nem a moda ponderam sair do mercado americano, não adiantando para já o volume de cancelamentos de encomendas que podem já estar em causa. “Estamos a entregar as coleções outono/inverno 2025/26, as medidas das taxas vão começar a ter maior impacto nas encomendas e compras para a primavera/verão de 2026, com redução e alguns cancelamentos que os clientes vão fazer a partir das próximas semanas”, teme o presidente da Anivec.