Em Portugal, Paulo Alberto quase passa despercebido. No Brasil dificilmente passa sem ser interpelado para um autógrafo ou uma fotografia. Em dia de prova, a fila junto ao camião da equipa em busca de um momento com o novo campeão de motocrosse do Brasil atinge centenas de metros. Paulo Alberto responde sempre positivamente e com um sorriso.
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"A aposta que o Brasil faz no motocrosse é bem diferente da que se faz em Portugal. As marcas apostam muito mais, há mais retorno e muitos adeptos são fanáticos", diz o piloto de 30 anos, natural de Leiria, acreditando que feitos como o dele ou os de Miguel Oliveira, no Moto GP, ajudam a uma maior divulgação das modalidades.
Num ano em que a competição desportiva mundial sofreu inúmeros percalços, para Paulo Alberto a época não podia ser melhor. Venceu as três principais provas profissionais de motocrosse no Brasil: MX1 e Elite, pela primeira vez, e o troféu Arena Cross, pela quinta vez. Os nove títulos que ganhou desde 2013 fazem dele o piloto mais galardoado do Brasil. É também o único português no top-10.
Habituado a saltar de pista em pista, ao longo da época, entre o Brasil, Portugal e Espanha, em abril passado, já com a pandemia a atingir níveis elevados de contágio, e com muitas provas canceladas, acabou por se dedicar em exclusivo ao campeonato brasileiro. Valeu a pena.
Foi o mais rápido, e segurou os 110 kg da mota entre saltos e regos a velocidades de 120 km/hora. A mota tem 130 centímetros de altura, ele 162. "Costumo dizer que só não posso é parar. Normalmente, ando sempre em cima da mota e trabalho o equilíbrio. Há pilotos que usam o pé como apoio, eu nunca tive esse hábito, até porque sou pequenino e não consigo", afirma o número 211 da Yamaha, soltando um riso conformado com a sua estatura.
Dakar é objetivo
Ainda a gerir emoções do triunfo, dá por estes dias folga ao corpo e à mente em Leiria, o seu porto seguro. Volta aos treinos, em Portugal, a partir de janeiro, para preparar a temporada 2021. Renovou por mais dois anos com a Yamaha e a prioridade, admite, será a renovação dos títulos. Em 2021, Paulo Alberto prepara-se para dar um novo passo na carreira. Sabe que, a correr bem, terá mais cinco, seis épocas em motocrosse, e é preciso pensar no futuro. "Vamos fazer algumas provas do campeonato de rali para, a longo prazo, ir ao Dakar. É uma atividade que exige mais maturidade e responsabilidade, mas também mais velocidade", justifica o várias vezes campeão nacional de supercrosse e motocrosse.