Vitória de Guimarães garante primeiro título de polo aquático e sem gastar muito dinheiro. Apenas apostou na formação.
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A equipa sénior masculina do Vitória de Guimarães escreveu o seu nome no álbum de ouro do polo aquático nacional, ao conquistar, no passado fim de semana, o título de campeão nacional. Um feito inédito na história do clube vimaranense e que permitiu à equipa fazer jus ao cognome de "conquistador", atribuição dada a D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, e cujo símbolo é imagem de marca do emblema vitoriano.
Pedro Coelho Lima, vice-presidente da Direção para as modalidades do Vitória de Guimarães, não esconde a satisfação pelo recente sucesso alcançado pela formação liderada por João Pedro Santos. "A cidade de Guimarães, os vitorianos e as pessoas ligadas à modalidade em Portugal têm de estar orgulhosos por este título. O Vitória, pelas suas dinâmicas e pelo título, deu um outro elã à modalidade. Os responsáveis federativos que aproveitem o sucesso do nosso clube para dar visibilidade ao polo aquático", sugeriu. Os vitorianos quebraram com a supremacia do Fluvial Portuense, campeão nacional nos últimos três anos, mas sem gastar muito dinheiro. "Não foi necessário um investimento forte. O nosso maior investimento foi a aposta na formação nos últimos anos. Na equipa sénior, tínhamos vários atletas que foram campeões nacionais de juvenis em 2013/2014", lembrou.
Champions sem confirmação
"Uma equipa vencedora não se faz com um ou dois jogadores. É um desporto fisicamente muito desgastante e com várias substituições. Não é com a contratação de um ou dois jogadores que se fazem milagres", acrescentou. Face ao título conquistado, os vitorianos garantiram o direito de participar na Liga dos Campeões. No entanto, face ao pedido de demissão apresentado pela Direção liderada por Júlio Mendes, no passado dia 27 de maio, a participação ainda não é um dado adquirido. "É um sonho poder disputar a Liga dos Campeões, mas dependerá de quem vier a seguir. Nesta fase temos de ser responsáveis e não podemos assumir compromissos que dificultem quem vier a seguir. Mas se os responsáveis pelo polo aquático apresentaram um conjunto de apoios, não teremos problemas de tomar uma decisão", esclareceu Pedro Coelho Lima, um dos elementos pelo início da modalidade do V. Guimarães, em 2003.
O dirigente deixou ainda um apelo à futura Direção. "Que saiba ver o que tudo de bom foi feito no polo aquático e nas outras modalidades. Aumentámos o número de modalidades e o número de atletas, em quantidade e em qualidade. Seria importante dar continuidade ao polo aquático e não deixar cair o feito brilhante e inédito que alcançamos este ano". Fica o pedido.
João Pedro Santos elogia adeptos
Contratado para conduzir o V. Guimarães ao título, o treinador João Pedro Santos não escondeu a satisfação de ter cumprido a missão: "Estávamos renitentes no início da época, mas após duas semanas de trabalho, verificando a qualidade dos jogadores, assumimos o objetivo e fomos felizes".
"Foi bonito ver a festa dos vitorianos. O apoio deles foi importante, tanto nos jogos em casa como fora. Foi um hino ao polo aquático. Já tinha sido campeão noutro clube, mas este título foi especial. Tivemos sempre um jogador a mais do que o adversário. São adeptos únicos. Aliás, um dos motivos que me fez aceitar este projeto foi a paixão que os adeptos têm pelo clube", confidenciou o treinador, de 46 anos, que antes de chegar a Guimarães tinha conquistado dois campeonatos pelo Salgueiros, uma Taça de Portugal e duas Supertaças.
João Serra espera que o êxito traga mais praticantes
No clube desde 2003, o guarda-redes João Serra foi categórico na hora dos festejos. "São 16 anos de dedicação ao clube e à modalidade. Todos os sacrifícios valeram a pena", assumiu o atleta, de 25 anos, um dos produtos da formação vitoriana, que não escondeu a emoção pela festa do título.
"O Vitória não é só futebol e o bairrismo desta cidade e destes adeptos verifica-se em todas as modalidades. O apoio dos adeptos foi crucial para o sucesso", lembrou. Um título que João Serra espera que traga benefícios ao polo aquático. "A modalidade não tem grande relevo em Portugal, mas este título vai despertar o interesse de mais adeptos e atletas. Aos mais novos, a sugestão que deixo é que venham experimentar. Apesar de ser um desporto exigente, é espetacular e muito divertido", adiantou o guarda-redes do novo campeão nacional.
Pedro Magalhães quer manter nível alto
Pedro Magalhães, juntamente com Pedro Coelho Lima, foi um dos impulsionadores do polo aquático do Vitória de Guimarães. O dirigente, há 16 anos no clube, explica o sucesso: "Somos uma escola estruturada e que tem dado talentos da formação à equipa principal".
"Um enorme agradecimento à Direção, que acreditou no projeto", acrescentou Pedro Magalhães, mestre em Educação Física. "A ambição permanece e queremos continuar no topo da modalidade, mas teremos de esperar pelas ideias da futura Direção". A formação será uma aposta: "É difícil captar jovens, mas o título poderá abrir portas". Pedro Magalhães deixou ainda um apelo: "Deviam apoiar mais os clubes que têm modalidades amadoras. Faltam infraestruturas para cativar jovens e dar-lhes a oportunidade de treinarem com horários mais acessíveis".