Uma mulher cujo corpo foi encontrado em Espanha foi identificada como a cidadã russa Liudmila Zavada. A identificação foi feita 20 anos após a descoberta do corpo e é o terceiro caso de sucesso da operação "Identifica-me", da Interpol.
Corpo do artigo
O cadáver foi descoberto a 3 de julho de 2005 numa estrada em Viladecans, na província de Barcelona. Quando foi encontrada, a mulher, que tinha morrido menos de 24 horas antes, vestia uma blusa floral rosa, calças e sapatos rosa, ficando conhecida como "a mulher de rosa".
Apesar de as autoridades terem considerado a causa da morte suspeita, uma vez que o corpo tinha sido movido nas 12 horas anteriores à descoberta, a sua identidade permaneceu um mistério durante duas décadas.
Sem novas pistas, as autoridades espanholas submeteram o caso ao programa "Identifica-me" da Interpol em 2024. A campanha envolveu a publicação de detalhes do caso online e a partilha de informações com os meio de comunicações social, na esperança de que alguém do público conseguisse reconhecer a vítima.
Não foi em vão. A polícia turca analisou, este ano, as impressões digitais associadas à "mulher de rosa" num banco de dados biométrico nacional, resultando numa correspondência com a russa Liudmila Zavada, que tinha 31 anos na época da sua morte. A correspondência foi posteriormente confirmada através de uma comparação de ADN com um parente próximo na Rússia.
"Após 20 anos, uma mulher desconhecida recuperou o seu nome. Cada identificação bem-sucedida traz novas esperanças às famílias e amigos de pessoas desaparecidas e cria novas pistas para os investigadores. Parabéns às autoridades espanholas, turcas e russas pela colaboração neste caso. Através da cooperação global e da ligação entre as polícias de todo o Mundo, estamos a ajudar mais famílias a encontrar as respostas que tanto esperavam", disse Valdecy Urquiza, secretário-geral da Interpol.
As circunstâncias da morte de Liudmila Zavada continuam a ser investigadas.
Três identificações desde 2023
A operação "Identifica-me", uma campanha internacional coordenada pela Interpol em colaboração com a Bélgica, França, Alemanha, Itália, Países Baixos e Espanha, visa identificar mulheres encontradas mortas em toda a Europa nas últimas décadas. A maioria são vítimas de assassinato, com idades entre 15 e 30 anos.
Desde o seu lançamento em 2023, a iniciativa incluiu 47 casos, sendo que, com a identificação de Liudmila Zavada, já três mulheres recuperaram os seus nomes depois de morreram em circunstâncias suspeitas ou inexplicáveis.
A primeira foi, em 2023, Rita Roberts, uma mulher britânica encontrada morta em Antuérpia, em 1992, cuja família contactou as autoridades após reconhecer a tatuagem da vítima. Acreditava-se que Rita Roberts se tinha mudado de Cardiff para Antuérpia em fevereiro de 1992, mas ninguém teve contacto com ela após o envio de um postal em maio de 1992.
Família de Rita Roberts reconheceu tatuagem
Foto: Interpol
Já o desfecho do caso de Ainoha Izaga Ibieta Lima, de 33 anos, é mais recente. A mulher foi encontrada enforcada num barracão anexo a uma quinta, em Espanha, a 4 de agosto de 2018. Não possuía documentos de identificação e ninguém na região sabia quem era ou como chegara ali. A vítima tinha uma tatuagem no antebraço esquerdo com a palavra "sucesso" em hebraico. Apesar das extensas investigações, a polícia local não conseguiu resolver o mistério. Porém, em março de 2025, a mulher foi identificada quando as autoridades paraguaias compararam impressões digitais enviadas por Espanha com os seus bancos de dados nacionais, naquela que foi a primeira identificação transcontinental bem-sucedida da operação da Interpol. Segundo o irmão de Ainoha Izaga Ibieta Lima, a mulher viajou do Paraguai para a Espanha em 2013, quando tinha 28 anos.
Reconstrução facial de Ainoha Izaga Ibieta Lima
Foto: Interpol
Mas ainda há trabalho a fazer. A operação "Identifica-me" tem ainda em mãos 44 casos não resolvidos de mulheres não identificadas. Segundo a Interpol, o aumento da migração global e do tráfico de pessoas levou ao desaparecimento de mais pessoas fora dos seus países, o que pode tornar a identificação de corpos mais desafiante.