Vincenzo Nibali estreou-se a vestir a camisola amarela na Volta a França, este domingo, no final da segunda etapa, que deu boas indicações do estado de forma dos ciclistas portugueses Rui Costa (Lampre-Merida) e Tiago Machado (NetApp-Endura).
Corpo do artigo
Esperava-se espetáculo nos 201 quilómetros da segunda etapa, que ligou York e Sheffield, por entre nove contagens de montanha, mas não uma movimentação precoce dos principais favoritos, uma jogada iniciada por Alberto Contador (Tinkoff-Saxo) e concluída com êxito pelo italiano da Astana, que, indiferente à marcação dos seus adversários, lançou um fulminante ataque a dois quilómetros da meta para vestir, pela primeira vez, a amarela do Tour.
Consistente como poucos nas grandes Voltas nas últimas quatro temporadas, o "Tubarão do Estreito", apelido pelo qual é conhecido no pelotão, beneficiou da desorganização gerada no grupo de favoritos pelo seu ataque e manteve-se na frente, esquivando-se a uma breve reação do campeão em título, o britânico Chris Froome (Sky) e do campeão do Mundo, o português Rui Costa, que tiveram de se contentar com o estatuto de perseguidores, tal como Tiago Machado, Contador ou Alejandro Valverde (Movistar), e cortar a meta dois segundos depois.
"É uma vitória com outro sabor. Ninguém esperava este triunfo, nem eu. Vi uma oportunidade e aproveitei-a. Tinha o vento de frente e o peso de estar no último quilómetro, mas aguentei", contou um emocionado camisola amarela, que não escondeu as lágrimas motivadas pela cor que traz no corpo.
Nibali, que se sagrou campeão de Itália há apenas sete dias, depois de uma temporada que mereceu críticas por parte da sua equipa, é o primeiro italiano a liderar a geral da Volta a França desde Rinaldo Nocentini, em 2009.
Ninguém o esperava, nem mesmo o próprio, quando os 197 ciclistas - Mark Cavendish desistiu antes do início da segunda etapa - saíram de York para enfrentar os 201 quilómetros até Sheffield, numa jornada com três contagens de quarta categoria, cinco de terceira e uma de segunda.
Numa tirada desenhada como se de uma clássica se tratasse, as tentativas de fuga sucederam-se, com o luso-francês Armindo Fonseca (Bretagne-Séché Environnement), os franceses Blel Kadri (AG2R), Perrig Quémeneur (Europcar) e Cyril Lemoine (Cofidis), o espanhol David de la Cruz (NetApp-Endura) e do belga Bart De Clercq (Lotto-Belisol), a serem os primeiros a sair.
A fuga do dia foi condenada pelo Holme Moss, a subida mais dura do dia, com 4,7 quilómetros e uma inclinação média de sete por cento, com Kadri a ser o único a sobreviver na frente da corrida, até faltarem 37 quilómetros para a meta, já depois de vários contra-ataques de homens importantes como o alemão Tony Martin (Omega Pharma-Quickstep) ou Thomas Voeckler (Europcar).
Antes da última dificuldade do dia, os franceses Pierre Rolland (Europcar) e Jean-Christophe Péraud (AG2R) atacaram, conseguiram uma margem confortável, permitida pela desorganização que reinava na frente do pelotão, liderado à vez por Sky, Saxo-Tinkoff e Movistar, mas desaproveitaram a benesse por não se entenderem no trabalho a dois.
À entrada de Jenkin Road, os favoritos mostraram-se. Primeiro acelerou Contador, para resposta imediata de Nibali, depois foi a vez de Froome, com os candidatos a lançarem um aviso uns aos outros sobre o seu momento de forma.
Do avaliar de argumentos, surgiu um imparável Nibali, que teve tantas pernas como coração para aguentar a margem mínima e cumprir a segunda etapa em 05:08.36 horas. Dois segundos depois, cortou a meta o belga Greg Van Avermaet (BMC), antes do polaco Michal Kwiatkowski (Omega Pharma-Quickstep), com Rui Costa a ser 14.º e Tiago Machado 18.º.
Na geral, o italiano lidera com dois segundos de vantagem sobre Peter Sagan (Cannondale) e Van Avermaet. Machado é 12.º, estando um lugar á frente do campeão do mundo, enquanto Nelson Oliveira (Lampre-Merida) é o melhor dos outros, na 83.ª posição, a 10.31 minutos.
Sérgio Paulinho (Tinkoff-Saxo) é 134.º, a 14.48 minutos, e José Mendes (NetApp-Endura) 179.º, a 19.50 minutos.
Na segunda-feira, corre-se a terceira etapa, a última no Reino Unido, na distância de 155 quilómetros, entre Cambridge e Londres.
