Ciclista escocês deu a volta ao Mundo em menos de 80 dias e consegue recorde mundial, que lhe garante um lugar no Guinness.
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O que é que Júlio Verne e um tal de Mark Beaumont têm em comum? À primeira vista, nada. E isso é quase verdade. Para começar, nasceram com 150 anos de diferença, o primeiro em França, o segundo na Escócia. Depois, o mais velho foi escritor, enquanto o mais novo é ciclista. Têm talentos diferentes, está visto, mas os dois pensaram na mesma coisa. Sonharam com uma volta ao Mundo em 80 dias e ambos tornaram-no realidade: um com recurso à ficção, o outro a pedalar.
Quando, em 1873, Júlio Verne finalizou o livro "A volta ao Mundo em 80 dias", estava longe de imaginar que iria servir de inspiração a outrem. Tal como Phileas Fogg, o protagonista da obra do escritor francês, também Mark Beaumont, de 34 anos, empreendeu a viagem mundial e fê-lo pela segunda vez. Na primeira, estávamos em 2008, percorreu a imensidão planetária em 195 dias, o que, na altura, já tinha sido uma proeza nunca vista.
Mas esse recorde acabaria destroçado em 2015, quando o neozelandês Andrew Nicholson fez o mesmo, só que em 123 dias.
Beaumont não se ficou. Lembrou-se de um livro e meteu na cabeça que não era impossível concretizar a utopia escrita por Júlio Verne no século XIX. Se Fogg a consumou com recurso ao comboio e a navios de alta velocidade, Mark socorreu-se da bicicleta e de aviões, de maneira a cruzar os oceanos. Lançou-se à estrada em França, atravessou a Rússia e chegou à China, onde apanhou o primeiro transporte aéreo. Pedalou na Austrália e na Nova Zelândia. Voou até à América do Norte, pegou na bicicleta para atravessar toda a costa americana rumo ao Sul. Outro avião para regressar à Europa e mais umas centenas de quilómetros por Portugal e Espanha, até voltar ao ponto de partida. Pareceu rápido? Ao todo, foram 78 dias, 14 horas e 40 minutos. Pareceu fácil? Nem por isso, se tivermos em conta que Mark Beaumont teve de pedalar, em média, 386 quilómetros por dia, distância maior do que ir do Porto a Lisboa.
Portanto, mais de século e meio depois, pode dizer-se que a ambição de um escritor pecou por excesso. Mark Beaumont, que se meteu nisto das bicicletas quando tinha 11 anos, já tem o recorde reconhecido pelo Guinness. Júlio Verne tinha razão.