O Centro de Jornalistas do Afeganistão (AFJC) denunciou que o país está mergulhado num "apagão informativo" provocado pela "guerra deliberada contra o direito à informação", imposta pelo regime talibã desde a sua chegada ao poder.
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A organização afirma que os talibãs emitiram, pelo menos, 22 diretivas que restringem a liberdade de expressão e o acesso à informação, incluindo a censura dos meios de comunicação internacionais, a proibição de cobrir protestos, a exigência de aprovação prévia dos conteúdos e a exclusão das mulheres jornalistas dos ambientes informativos mistos.
As diretivas do regime talibã proíbem explicitamente qualquer conteúdo considerado contrário ao Islão ou aos "interesses nacionais", uma definição suficientemente ambígua para justificar a censura de quase qualquer crítica.
A música foi vetada na rádio e na televisão, as telenovelas estrangeiras foram proibidas e as apresentadoras de televisão foram obrigadas a cobrir completamente o rosto durante as emissões.
Estas regras provocaram o encerramento de mais de metade dos meios de comunicação social que existiam antes de 2021 e forçaram centenas de jornalistas, especialmente mulheres, a abandonar a profissão ou a exilar-se.
"Hoje, os afegãos vivem num estado de 'blackout' informativo, não imposto pela guerra, mas sim por uma política deliberada", declarou Somaya Walizadeh, do Centro de Jornalistas do Afeganistão (AFJC, na sigla em inglês).
"O acesso à informação não é um privilégio, é um direito e a pedra angular da prestação de contas. Os afegãos merecem viver num país onde os factos não sejam proibidos e os jornalistas não sejam silenciados", acrescentou.
O AFJC denuncia que, pelo menos, seis jornalistas continuam presos nas províncias de Cabul, Ghazni e Parwan, alguns deles detidos simplesmente por contactarem meios de comunicação no exílio. Além disso, o acesso à Internet por fibra ótica foi restringido em várias zonas do país.
Neste contexto, a organização insta os talibãs a revogar as diretivas que contradizem as leis de imprensa afegãs, pôr fim à censura, libertar os jornalistas detidos e levantar as restrições à internet. Além disso, apela à comunidade internacional para que apoie os meios de comunicação independentes que ainda operam no país e proteja os repórteres em risco.