Projeto foi apresentado esta quarta-feira, no Estádio do Dragão, com a presença dos arquitetos Manuel Salgado e Nuno Lourenço. Fernando Gomes revelou que a primeira empreitada foi adjudicada à empresa ABB, no valor de 6,89 milhões de euros, e as obras já começaram.
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A Academia do F. C. Porto terá, segundo o arquiteto Manuel Salgado, um custo total estimado de 40 milhões de euros, sem que tenham sido avançados prazos de finalização das obras. A primeira empreitada, para terraplanagem dos terrenos no futuro Parque Metropolitano da Maia, já foi adjudicada à construtora Alexandre Barbosa Borges (ABB), por 6,9 milhóes de euros.
Esta empresa é a proprietária de cerca de 10 dos 23 hectares para construção. Desses 23 hectares, 14 serão colocados em hasta pública nas próximas semanas pela Cãmara Municipal da Maia e deverão ser comprados pelo clube azul e branco, a troco de 3,36 milhões de euros (23 euros o metro quadrado). A academia terá 10 campos relvados, um mini-estádio com capacidade para 2000 lugares e com todas as condições para receber jogos da Liga 2, dois parques de estacionamento, além de um edifício central, a Casa do Dragão, com áreas de lazer, 72 quartos duplos e todas as valências necessárias.
Na apresentação do projeto, Fernando Gomes, administrador financeiro da SAD portista, manifestou alegria pela concretização de um sonho, mas também insatisfação pelas críticas que têm sido feitas ao projeto, sobretudo por parte da candidatura de André Villas-Boas.
"Hoje deveria ser um dia em que a generalidade dos portistas estariam em festa, um momento de congratulação entre todos. Infelizmente não é. Alguém se encarregou de pôr em causa este enorme projeto por que ansiamos há tantos anos. Não se entende", afirmou.
"Isto não é o resultado de algo que aconteceu há poucas semanas para fazermos aqui um número antes das eleições. Há anos que o F. C. Porto procura um projeto para servir as necessidades da formação. Há mais de dois anos que esta administração contactou a CM da Maia. Fomos recebidos de braços abertos. Seria lamentável e frustrar as expectativas dos portistas deixar que isto caísse. Está muito dinheiro investido, muito trabalho. Isto não está a acontecer porque vai haver eleições. Foi pena que não tenha acontecido antes, mas foi o que foi possível. Com certeza que o facto de o presidente ter posto como condicionante para continuar acelerou o processo", acrescentou, negando que tenha mentido em novembro quando disse que a academia seria financiada através de uma "renda resolúvel".
"Essa era a perspetiva para que o projeto avançasse. Entretanto, conseguiu-se um financiamento. Em seis anos, será pago. Estamos tranquilos nessa matéria. Não há desmentido da minha parte, há um avanço em relação às perspetivas que havia na altura. A venda em hasta pública de 13 hectares é para este projeto. Não me parece que haja alguém que só para prejudicar o F. C. Porto queira ficar com esses terrenos que são para a academia. Estaremos atentos ao que se irá passar [na hasta pública]. A escritura poderá ser feita até ao final de abril, mas é irrelevante. Os títulos de propriedade estão concluídos, depois é um formalismo", sublinhou, congratulando-se com o culminar do processo.
"Este é o melhor dos fechos para um mandato, o arranque formal de uma infraestrutura desejada há muitos anos para que o F. C. Porto tenha um futuro melhor. Só quem trabalha na formação, sabe as dificuldades que passa e, mesmo assim, permite que o F. C. Porto esteja na final four da youth league. É uma forma de fechar com chave de ouro um mandato muito importante e que nos fez passar por alguns sobressaltos, mas também por momentos muito bons", disse Fernando Gomes, revelando a saída do cargo após as eleições de 27 de abril.
"Presidente, orgulho-me de ter sido parte desta sua equipa. Para mim, esta academia é o final de uma colaboração direta. Foi uma honra estar ao seu lado durante estes 10 anos e sobretudo estes últimos quatro", afirmou.
Manuel Salgado elogia postura do clube
O arquiteto responsável pelo projeto da academia foi o primeiro a pronunciar-se durante a apresentação desta manhã e não poupou elogios à forma como o F. C. Porto se posicionou. "É raro encontrar um cliente que tenha uma noção tão concreta daquilo que quer e ao mesmo tempo com uma capacidade de ouvir e interagir como o que encontrámos aqui no F. C. Porto. Louvamos o respeito pelos arquitetos, que é raro no nosso país", salientou Manuel Salgado, descrevendo todo o processo.
"O projeto fica numa área muito bem localizada na área metropolitana do Porto. Tem uma acessibilidade fantástica, duas auto-estradas e uma linha ferroviária cujo distância do apeadeiro é perfeitamente percorrível a pé. Há anos que se discute o que fazer ali. Em boa hora a Câmara da Maia desenvolveu o conceito estratégico de criar um parque metropolitano. Era uma tentação criar uma área de construção. Trata-se de uma grande área florestal e agrícola, onde encaixa perfeitamente uma atividade de formação de jovens ao ar livre. Para fazer este estudo foi preciso analisar todos os condicionamentos. Os planos de nível local e regional foram considerados. A Maia não é um território rico a nível cultural, mas foram identificadas as situações que têm de ser salvaguardadas. Não sendo uma encosta do Douro, é um terreno que exige modelação", reforçou, antes de dar a palavra a Nuno Lourenço, que detalhou o projeto.
"Trata-se de um terreno com 21 hectares de construção, com quatro campos destinados a competições oficiais, ligados à portaria principal, mais seis para a formação. Podem ser feitos jogos simultâneos. No centro dos campos de formação, situa-se a Casa do Dragão, o edifício central, além de serviços de manutenção dos relvados. No total, são 10 campos de dimensões oficiais (um de futebol de sete), todos com iluminação, em particular o Mini Estádio, que tem uma iluminação mais exigente, de acordo com as exigência da Liga 2. Nos outros três campos, haverá bancadas com lotação de 400 pessoas cada uma. Haverá dois parques de estacionamento, com cerca de 300 lugares, distribuídos junto da portaria norte, sul e edifício central, mais 30 lugares no parque do estacionamento do mini estádio", revelou.
"A Casa do Dragão é um edifício de quatro pisos, dois dos quais com 72 quartos duplos, áreas de lazer, descanso e convívio, espaços dedicados aos atletas para poderem estudar. O piso térreo é dedicado à formação desportiva. O piso intermédio é composto por um auditório, com um grande átrio e uma cantina onde se servirão 500 refeições por dia. Haverá escritórios e gabinetes numa zona dedicada à gestão do complexo. No piso térreo, situa-se toda a área administrativa e de scouting, além da zona de competição, balneários de jogadores e treinadores, para atletas com mais de 14 anos, e outra zona para a pré-competição, para jovens com menos de 14 anos. além do ginásio, piscina, banho turco, instalações para fisioterapia. Para poente, situa-se a zona logística", acrescentou.