Um grupo de adeptos do Boavista, críticos da atual Direção, criou o Panteras Negras Footballers Club. O presidente será Nuno Fonseca, atual líder da claque Panteras Negras, e os órgãos sociais integram várias figuras do universo axadrezado. Participará na 1.ª Divisão da AF Porto, tal como a equipa do Boavista clube.
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Foi nas imediações do Estádio do Bessa e da sede da claque Panteras Negras, perante dezenas de adeptos, que os órgãos sociais tomaram posse esta sexta-feira e foi dado a conhecer o projeto desportivo deste novo emblema, que, segundo os fundadores, visa "servir o Boavista", não se apresentando como um clube concorrente.
"Começámos a perceber que existem sinais claros de que o Boavista FC tem os dias contados. Esta estratégia visa criar um projeto desportivo que amanhã possa servir o Boavista, não há qualquer tipo de interesse em desvinculação. Quando o clube tiver uma direção com capacidade para desenvolver o seu projeto desportivo, seja daqui uma época ou mais, temos aqui um caminho que possa servir para que o Boavista encontre um espaço e alcance a Liga novamente", explicou Pedro Cortez, vice-presidente, à margem da tomada de posse.
Pedro Cortez havia sido mandatário da candidatura de Filipe Miranda à presidência da direção do histórico emblema do Bessa, nas eleições de janeiro último, com o antigo candidato, que perdeu para Rui Garrido Pereira, a assumir o cargo de diretor desportivo do novo clube.
O histórico dirigente boavisteiro Álvaro Braga Júnior, ex-presidente do clube (2008-2012) e da SAD (2008-2020), será o presidente da Mesa da Assembleia Geral. Destacou o papel que a claque Panteras Negras desempenhou no período em que liderou os destinos do Boavista.
"Quando fui obrigado a ser presidente da direção e da SAD, nenhum boavisteiro se chegou à frente porque era difícil. E foi aí que senti todo o apoio da claque Panteras Negras. Hoje não me sentiria bem se não estivesse aqui a apoiar. Há quem diga que este clube vai dar cabo do Boavista e muito brevemente todos vão perceber por que digo isto", prometeu Álvaro Braga Júnior.
O líder do grupo organizado de adeptos e presidente do Panteras Negras FC, Nuno Fonseca, mais conhecido como Sousa, manifestou ter realizado um sonho com a concretização deste projeto, que diz representar um "novo paradigma no futebol mundial".
"O Boavista, infelizmente, vai precisar dos Panteras Negras no momento mais difícil da sua história. Não me vou alongar porque amanhã [sábado] temos a Assembleia Geral do Boavista e, provavelmente, iremos limpar a casa. O Panteras Negras FC é composto por elementos que estiveram na claque desde a fundação, homens que, em 1984, lutaram muito para que as gerações que foram aparecendo também dessem continuidade", destacou.
Além disso, Nuno Fonseca garante que o clube formado por adeptos, que contará apenas com uma equipa de futebol sénior, irá desconstruir preconceitos que considera existirem em relação às claques. "Vamos provar que uma claque é muito mais do que um grupo de marginais. Gentes que são mal vistas, que são excluídas da sociedade, conotadas com tudo que há de mal nela, irão provar a partir de hoje que o movimento 'ultra' é muito mais do que se diz", declarou.
O treinador escolhido para assumir o comando do plantel é Milton Ribeiro, de 43 anos, que conta com um extenso percurso nos campeonatos distritais do Porto e a subida do Canelas 2010 ao Campeonato de Portugal, em 2018/19, no currículo.
O Panteras Negras Footballers Club irá atuar no último escalão da Associação de Futebol do Porto, o mesmo em que irá militar o Boavista clube, enquanto a SAD dos axadrezados terá uma equipa na Liga Pro, a divisão principal.
Despromovido após fechar a edição 2024/25 da Liga no 18.º e último lugar, com 24 pontos, o Boavista concluiu um trajeto de 11 épocas no escalão principal, sendo um dos cinco campeões nacionais da história.
Deveria disputar a Liga 2 na próxima temporada, mas falhou a inscrição nas competições profissionais e, mais tarde, também viu-lhe ser negado o licenciamento para participar na Liga 3, tutelada pela FPF.