Médico de saúde pública garante que a deteção da doença é "na sua esmagadora maioria feita de testes muito confiáveis e que os achados radiológicos são raramente forma de diagnóstico". Treinador teve febre alta e problemas respiratórios.
Corpo do artigo
13330453
"Só com uma TAC (Tomografia Axial Computorizada) é que descobriram que tinha covid-19. Até nisso sou um caso raro". Jorge Jesus, técnico dos encarnados, confidenciou, numa declaração emocionada, os contornos do sofrimento na luta contra a infeção pelo novo coronavírus e também em relação à particularidade do diagnóstico, segundo o treinador, determinado por um exame radiológico.
Escutado pelo JN, Bernardo Gomes, médico de Saúde Pública, rejeitou comentar a declaração ou referir-se ao caso em concreto, mas admite que num plano "complementar" aquele tipo de exames podem descobrir "alterações sugestivas da covid-19"
"Os testes [PCR e de antigénio] atualmente utilizados são muito fiáveis do ponto de vista de sensibilidade e especificidade. E é estranho de alguma maneira não se detetar o vírus numa primeira linha. O que não exclui, de alguma forma, que, em estudo complementar, existam alguns achados em indivíduos que nem sequer se tenham apercebido de ter covid-19 ou se vá descobrir algumas alterações radiológicas sugestivas do mesmo", sublinhou o clínico.
O responsável reconhece "situações em que alterações radiológicas possam sugerir covid-19", mesmo em casos de sintomas raros, mas enfatiza o seu caráter de "exceção" e a relevância dos habituais testes de PCR.
"A deteção da doença é, na sua esmagadora maioria, feita de testes muito confiáveis e esses achados radiológicos são raramente forma de diagnóstico. Podem apenas existir casos excecionais", sublinhou.
No seu entender, é fundamental nunca colocar em causa a fiabilidade dos testes.
"É algo que, noutras circunstâncias, o futebol tem feito de forma francamente irresponsável, pelo menos ao nível da discussão pública. Temos experiências anteriores em que se colocaram em causa os resultados e se leva a arena uma discussão sobre a sua fiabilidade por nada. E isso não ajuda os profissionais no terreno a tranquilizar as populações e a gerir as circunstâncias", acentuou o médico, particularizando as exceções "honrosas de pessoas como Jurgen klopp e Ricardo Quaresma". "São indivíduos que nos ajudaram", acentua.
No caso do técnico das águias, Jorge Jesus começou por se sentir fraco, com dores no corpo e febre. O quadro agudizou-se com temperaturas altas e problemas de respiração - falta de ar confirmada pelo próprio - que o levaram a passar mais do que uma vez pelo hospital para fazer exames.
Os sintomas continuaram mesmo já depois do diagnóstico de covid-19 e os encarnados confirmaram a realização de um teste positivo depois já de vários negativos.
Falhou três jogos, mas voltou ao banco no jogo contra o Famalicão, aparentemente mais magro e contra a recomendação clínica. Visivelmente marcado pela luta e emocionado pelo sofrimento, reconheceu não sentir força para jogar, se por acaso ainda fosse atleta.