O Bournemouth junta-se a outros clubes da Premier League cujos proprietários têm investimentos noutras modalidades
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Desde esta semana, o Bournemouth pode aprender com o hóquei no gelo. O clube inglês passou a estar na posse de Bill Foley, ele que também é proprietário da Vegas Golden Knights, equipa da NHL, e agora outro símbolo de uma tendência que começa a ganhar força no futebol, principalmente em Inglaterra, onde a Premier League atrai cada vez mais investidores milionários. Até há pouco, contudo, não se via esta ligação multidesportiva; agora isso parece que veio para ficar, com Bill Foley a seguir o exemplo de outros empresários e o Bournemouth a entregar-se ao mesmo entusiasmo e apreensão de outros emblemas.
Antes dos "cherries", que saíram da alçada de Maxim Demin, também o Chelsea passou, já esta época, a ser parte de uma "multisports ownership", já que o novo proprietário, Todd Boehly, também tem investimentos em equipas de beisebol e basquetebol. Também Leeds United (49ers Enterprises), Arsenal (Kroenke Sports), Manchester United (irmãos Glazer), Fulham (Shahid Khan) e Liverpool (Fenway Sports Group) estão nas mãos de pessoas ou entidades com interesses noutras modalidades e que controlam outros clubes e equipas.
Se para os empresários e as empresas, essas parcerias justificam-se com a perspetiva de aumentarem os portfólios e as contas bancárias, para os clubes é uma oportunidade de irem buscar conhecimento a outras realidades e a pessoas com outras experiências, de se expandirem internacionalmente e de contarem com mais uns milhões para reforçarem equipas e melhorarem infraestruturas. Fora da liga inglesa, o exemplo da Red Bull é o mais paradigmático, dando a nome a equipas de futebol, de fórmula 1 e de hóquei no gelo.
O sonho americano
Que o senhor Foley (77 anos), americano, tenha sido o último a decidir conciliar o futebol com outra modalidade não é um mero acaso, já que é nos Estados Unidos que está toda génese do conceito "multisport ownership", que, primeiro, se expandiu no país, antes de se estender para a Europa. Por lá, não é anormal ver equipas da NBA (basquetebol), da NFL (futebol americano), da NHL (hóquei no gelo), da MLS (futebol) e da MLB (beisebol) a partilharem proprietários, alguns deles com investimentos em todas essas modalidades.
Na Premier League, há oito clubes cujos donos são americanos e apenas o do Crystal Palace ainda não se decidiu a expandir-se para outros desportos, embora já tenha adquirido outros clubes de futebol, mais globalizado do que nunca.