Bjarne Riis, vencedor da Volta a França em 1996 e ex-diretor desportivo da equipa Saxo, sabia que a sua equipa usava doping nas provas, mas não fez nada para o impedir.
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De acordo com um relatório divulgado esta terça-feira pela Autoridade Anti-Doping da Dinamarca e pelo Comité Olímpico daquele país, Riis sabia que a equipa que geria fazia uso de doping "mas falhou ao não intervir". "É completamente inaceitável", diz o diretor da Autoridade.
O relatório baseou-se em mais de 50 entrevistas realizadas ao longo de dois anos e meio para alcançar esta conclusão. Numa delas, um ciclista dinamarquês chegou mesmo a confessar que Riis lhe tinha pedido, em 2000, para comprar EPO, uma substância dopante que aumenta o número de glóbulos vermelhos no sangue, para administrar em Jorg Jaksche, da equipa alemã Telekom. Jaksche acabou por confirmar a alegação, mas Riis continua a rejeitar o incidente, garantindo que não sabia que os ciclistas em questão se dopavam.
Bjarne Riis, agora com 51 anos, também já tinha admitido em 2007 que fez uso de doping durante a sua carreira, mas foi uma disputa com o novo dono da equipa Saxo que o afastou da direção. Mesmo assim, e como a maioria dos incidentes de doping ocorreram há mais de dez anos, nada poderá ser feito judicialmente contra Riis e os restantes ciclistas mencionados no relatório.
A "inspiração" para esta investigação veio do trabalho da equipa homóloga nos EUA, que acabou por retirar a Lance Armstrong os seus sete títulos da Tour e o baniu para sempre do ciclismo profissional.