Em Portugal há dois anos, o corredor russo da Anicolor-Tien21 tornou-se rapidamente um dos principais protagonistas do pelotão nacional, após ter vencido a Volta a Portugal, no ano passado. Esta terça-feira, Artem Nych sagrou-se campeão do 5.º Grande Prémio Douro Internacional.
Corpo do artigo
Dele não podem esperar grandes manifestações públicas de entusiasmo, mas longe dos holofotes não esconde o sorriso largo, quase tão farto como a altura. O “gigante” de 1,95 metros, que há dois anos fugiu da Rússia e encontrou em Portugal a tranquilidade que tanto preza, tornou-se num dos corredores mais temidos do pelotão, após ter vencido a Volta a Portugal de 2024. Nesta temporada, conta já com dois triunfos: o Grande Prémio O Jogo e o Douro Internacional.
Tido como um ciclista frio, que não se deixa levar pela emoção quando está na estrada, Artem Nych não tem pudor em justificar a faceta racional: não sente a pressão em ser o líder da Anicolor-Tien21, equipa de Águeda que o “salvou” em 2023. “Na equipa não existe um líder. Quem tem pernas e está melhor, assume a liderança. Nesta corrida, não fui líder sozinho, o Harrison [Wood] e o Rubén [Fernández] também podiam ter vencido. Para nós, o líder define-se na corrida”, explicouNych, após ter erguido o troféu do 5.º Grande Prémio Douro Internacional, em Lamego.
De amarelo desde o dia 1
Assumindo estar mais confiante do que na época passada, o corredor vestiu a camisola amarela desde o primeiro dia, quando atacou a demolidora subida de Armamar, e logo garantiu que seria para levar até ao final. E se ontem a terceira e última tirada foi tranquila, com uma fuga nada ameaçadora a animar o dia, a segunda etapa, na véspera, obrigou Nych a controlar os rivais e a adiantar-se na estrada, numa jornada marcada pelo calor. “Hoje [ontem], a equipa controlou a etapa. Com ninguém perto da geral, deixamos ir a fuga e foi perfeito”, resume o corredor, já de olhos postos nos próximos desafios do calendário: o Troféu Joaquim Agostinho e a Volta a Portugal.
Na estrutura de Águeda desde que chegou a Portugal, o corredor de 30 anos não hesita em desfazer-se em elogios à equipa, a quem agradece sempre que vai ao pódio. Foi o diretor desportivo, Rúben Pereira, que o “resgatou” da Sibéria, de onde é natural, após a Gazprom-Rusvelo, equipa na qual corria, ter desaparecido por conta da invasão russa à Ucrânia. De mochila às costas, o campeão nacional da Rússia em 2021 mudou de vida e, em pouco mais de dois anos, já se expressa em português.