Nos espaço de poucos dias, o avançado brasileiro viveu o ponto mais baixo e o ponto mais alto desde que chegou à Luz. Golo decisivo em Salzburgo pode ser ponto de viragem.
Corpo do artigo
Os primeiros meses de Arthur Cabral de águia ao peito (ainda) estão longe de confirmar as expectativas depositadas no ex-jogador da Fiorentina, contratado por vários milhões para fazer esquecer Gonçalo Ramos. Até ontem, terça-feira, tinha marcado apenas dois golos (em 16 jogos), nenhum deles transcendente nem decisivo. Até começou a época a titular, mas também esse estatuto se foi evaporando, numa perda de protagonismo que até o relegou para o último lugar da hierarquia dos pontas de lança que fazem parte do plantel benfiquista, atrás de Petar Musa e Tengstedt.
Mas as coisas ainda podiam piorar. Após o jogo com o Farense, na passada sexta-feira, Arthur Cabral também foi infeliz fora do campo e o pirete que dedicou a alguns adeptos, na garagem do Estádio da Luz, como resposta à contestação popular, parecia ser o tal ponto de não retorno e o sinal inequívoco de que a sua passagem pelo Benfica estaria destinada a ser fugaz e fracassada. “Um erro de casting”, defendem muitos.
Só que é de futebol que estamos a falar, da atividade onde mais depressa se passa de besta a bestial, onde a memória é curta. E hoje está outra vez de pé a possibilidade de Arthur Cabral, avesso a tatuagens, aos brincos, ao álcool e a saídas noturnas, ainda vir a ter algum protagonismo na Luz, uma espécie de redenção que faça dele um reforço importante para a segunda metade da temporada. Através das redes sociais, desculpou-se pelo gesto feio que ainda o queimou mais junto da massa adepta benfiquista, mas a desculpa que conta aconteceu em Salzburgo.
Lançado por Roger Schmidt já na altura do desespero, o avançado, de 25 anos, marcou, de calcanhar, na primeira vez que tocou na bola e garantiu a continuidade das águias nas competições europeias (1-3), a partir de agora na Liga Europa, graças à vantagem no confronto direto com o campeão austríaco. “Salvador”. Foi o primeiro golo dele na Liga dos Campeões. O festejo foi a preceito, misturou raiva, alívio e alegria. Foi efusivamente cumprimentado pelos colegas e o treinador confia que tudo seja diferente daqui para a frente. “Talvez este golo seja um recomeço para ele. Estou feliz por ele, é ser humano muito bom, bom rapaz, muito emocional, bom ponta de lança”, salientou o alemão que comanda os encarnados.
Com o golo na Red Bull Arena, Arthur Cabral manteve o Benfica vivo nas competições europeias e, possivelmente, renasceu para ainda tentar justificar os quase 20 milhões de euros que o clube investiu na sua contratação.