A Associação de Futebol de Lisboa ameaçou esta sexta-feira parar todas as competições desportivas por si organizadas, se o governo insistir na aplicação do decreto-lei que obriga os clubes a pagar o policiamento nos estádios.
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"Vamos parar novamente todas as competições na próxima época desportiva, se o sr. ministro (da Administração Interna), até ao final de agosto, não recuar na aplicação do decreto-lei", acentuou o presidente da AFL, Nuno Lobo, após uma reunião da associação na sede, em Lisboa.
Nuno Lobo adiantou que os clubes reiteraram que não têm orçamento para assegurar o policiamento nos estádios, como determina o diploma aprovado pelo executivo, e vão deixar "25 mil crianças sem competir", caso o executivo mantenha a atual legislação em vigor.
"O sr. ministro quer privatizar a segurança em Portugal, mas nós não vamos permitir", acusou o dirigente da AFL, lembrando que "os clubes querem o policiamento, mas não têm dinheiro para o pagar".
Com a "crise social" que reina no país, os clubes "não têm condições para ter 490 jogos por semana sem policiamento", sustentou.
Nuno Lobo adiantou, por outro lado, que a AFL vai "convidar o ministro a passar um dia em Lisboa, sem seguranças, membros do gabinete ou condutores" para conhecer as instalações de futebol e futsal amadores.
"Temos a consciência, depois deste processo negocial, que o sr. ministro tem alguma dificuldade em perceber o futebol amador", acusou, reiterando o convite a Miguel Macedo para "sair dos camarotes presidenciais dos estádios da I Liga" e observar a realidade.
O dirigente desportivo recordou que "onde há mais ofensas à integridade física é nos escalões de formação, não é nos seniores".
Lobo assegurou que metade dos clubes presentes na reunião admitiram não poder sustentar o policiamento e, nesse sentido, "25 mil crianças vão ficar sem competir", caso o governo insista na aplicação do decreto-lei.