O Mundo sofre a provação mais grave da história recente, mas, para já, o Comité Olímpico Internacional (COI) mantém a convicção que os Jogos Olímpicos se irão realizar na data prevista, entre 24 de julho e 9 de agosto deste ano.
Corpo do artigo
O Comité Olímpico de Portugal (COP) tinha estimado uma comitiva com 75 atletas, no máximo, mas até ao momento apenas 44 vagas estão preenchidas e as provas de qualificação, que se iriam disputar até final do próximo mês, foram canceladas, devido à pandemia do novo coronavírus.
Os medalhados olímpicos Telma Monteiro e Nelson Évora são dois dos atletas nessa situação, de ainda não estarem apurados, e, à semelhança dos restantes colegas nas mais diversas modalidades, estão condicionados na atual preparação diária. "Não se sabe quanto tempo falta para se controlar este vírus. Penso que os Jogos Olímpicos deviam ser adiados", diz, ao site do Benfica, a judoca que conquistou a medalha de bronze nos Jogos do Rio de Janeiro 2016.
O problema é global e o COI vai pronunciar-se, até ao final do mês, sobre a qualificação dos restantes atletas, que pode passar pela posição no ranking ou convite "Ninguém deverá estar satisfeito com a situação, mas não temos conhecimento de algum atleta que queira desistir", faz notar ao JN João Rodrigues, presidente do Comité de Atletas Olímpicos.
Face aos constrangimentos da Covid-19, muitos atletas só treinam em casa. Com pavilhões e piscinas fechadas é preciso inovar e, no caso dos nadadores, a dificuldade ainda é maior. "Estamos atentos e preocupados, mas ninguém desiste. Treinamos demasiado para abdicar seja do que for", explica ao JN Tamila Holub, nadadora do Sporting de Braga.
Preparação no Gerês
O canoísta Emanuel Silva, que já está apurado para Tóquio 2020, refugiou-se com a família no Gerês, numa espécie de quarentena voluntária, mas continua a treinar. "Tenho conseguido fazer o meu planeamento no Rio Caldo", diz ao nosso jornal mostrando-se na expectativa em relação às decisões do COI: "Continuo focado nos Jogos Olímpicos. O cenário não é o ideal, sobretudo noutras modalidades, e sei que há colegas a sentirem mais dificuldades na preparação. Isso poderá ser uma desigualdade em relação a atletas de outros países, mas vamos aguardar".
Jorge Silvério
Ligou-me um atleta de madrugada a dizer que estava com medo
Para além da questão física, a pandemia complica a preparação de atletas mais frágeis em termos mentais. "No outro dia, um atleta ligou-me de madrugada a dizer que estava com medo de ter o vírus. Como se lida com isto? Além disso, como é que eles mantêm o foco sem ter a certeza que algo se vai realizar?", questiona o psicólogo Jorge Silvério, especialista em desporto. José Manuel Constantino, líder do Comité Olímpico, lamenta o cenário: "O desporto não escapa a este drama. Há uma grande incerteza".