O secretário-geral da ONU apelou, esta quinta-feira, para o fim dos ataques e discriminações contra homossexuais na Rússia, na véspera da abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, no Cáucaso russo.
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A organização da 22.ª olimpíada de inverno em Sochi, nas margens do Mar Negro, tem sido perturbada por preocupações em torno da segurança e dos direitos humanos, na sequência da legislação aprovada em junho por Moscovo, que proíbe a disseminação de "propaganda gay" junto a menores, uma decisão considerada homofóbica por grupos de ativistas.
Ao discursar no congresso do Comité Olímpico Internacional (COI), em Sochi, o chefe da ONU emitiu um apelo ao mundo para um combate empenhado às discriminações.
"Muitos atletas profissionais gays e heterossexuais são contra os julgamentos prévios. Devemos elevar a nossa voz contra os ataques sobre as lésbicas, gays, bissexuais, trans, ou os interssexos", declarou Ban Ki-Moon.
"Devemos opor-nos às detenções, prisões e restrições discriminatórias enfrentadas pelos homossexuais. Sei que o princípio 6 da Carta Olímpica convida o COI a opor-se a todas as formas de discriminação. O ódio, independentemente da forma em que se manifeste, não tem lugar no século XXI", disse ainda.
A lei promulgada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, que pune com multa e prisão a "propaganda" da homossexualidade perante menores foi muito criticada pelos defensores dos direitos humanos, que denunciaram uma estigmatização desta minoria na Rússia.
Moscovo continua a insistir nas suas posições, e o vice-primeiro-ministro russo Dmitri Kozak advertiu hoje os atletas e espetadores contra a "propaganda" homossexual perante menores nos Jogos Olímpicos, em conformidade, na sua perspetiva, com a carta olímpica.
"A propaganda política durante os eventos desportivos está proibida pela carta olímpica e a lei russa", declarou Kozak em Sochi.
Em paralelo, os Estados Unidos alertaram hoje as companhias aéreas norte-americanas e estrangeiras sobre a possibilidade de explosivos serem transportados em aviões disfarçados de pastas dentífricas.
Os receios sobre a segurança nos Jogos Olímpicos foram relançados por dois atentados suicidas que provocaram 34 mortos no final de dezembro em Volgogrado, a antiga Estalinegrado, a 700 quilómetros de Sochi.