Bayern Munique: o que acontece quando a engenharia alemã se alia à elegância britânica
Há anos que o Bayern de Munique é visto como uma equipa trituradora, eficaz e sem misericórdia. Para se ter uma ideia, esta época já leva 24 golos em cinco jogos, com Harry Kane como grande artilheiro - já conta com nove tentos para a conta pessoal.
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Mais um início de época avassalador por parte dos bávaros. Agora com uma goleada a abrir a Liga dos Campeões frente ao Dínamo Zagreb (9-2), fazendo da equipa alemã a primeira a marcar nove golos num jogo da Champions.
Se agora o inglês Harry Kane personifica o instinto goleador da equipa alemã, olhando para trás foram vários os avançados que deram corpo à força atacante dos germânicos.
Em 2011/12 Mario Gomez era o ponta-de-lança e marcou 41 golos numa época em que o Bayern chegou àquela mítica final da Champions que viu o Chelsea, de Bosingwa e Paulo Ferreira, erguer a orelhuda, com um golo de Didier Drogba nos últimos instantes.
Depois veio outro Mario, de seu nome, Mandzukic. Era um estilo de jogo talvez até mais ríspido que Mario Gomez, mas com Ribery de um lado e Robben do outro servia perfeitamente para manter a veia goleadora do conjunto de Munique.
Foi então que chegou Robert Lewandowski, senhor que já tinha mostrado, ao serviço dos rivais do Borussia Dortmund, que vinha acrescentar golos e prometia vir a ser melhor que qualquer um que já tivesse jogado naquela posição. Cumpriu a promessa, saiu pela porta grande para o Barcelona, mas não sem antes deixar no Bayern o seguinte impressionante registo: 344 golos e 56 assistências, em 375 jogos.
Agora há em Harry Kane a elegância de um "playmaker", para além de goleador que tem vindo a ajudar uma turma que tantas vezes pecou por simplificar demasiado os processos. É a solução para um Bayern de Munique que desconhecia a realidade de jogar com um jogador que, sendo um nove, não joga somente na grande área, é móvel. O inglês brilha e faz os outros brilhar, num clube onde os "outros" eram esquecidos, porque amontoavam os golos todos no ponta-de-lança.
São, até ver, cinco jogos oficiais dos bávaros esta época, nos quais Kane contribuiu com nove golos, depois de um póquer ao Dinamo de Zagreb, mas num total de 24 golos da equipa, com o contributo já de nove (!) jogadores diferentes de um conjunto que não sofreu muitas alterações. Saíram de Ligt e Mazrauoi para o Manchester United, mas entraram Olise, Ito e Palhinha, sendo que o primeiro, oriundo do Crystal Palace, tem-se afirmado pelos alemães.
No entanto, por muitas trocas e baldrocas que possam ter havido, há uma constante desde os tempos de Mario Gomez e tem um nome: Thomas Muller. Talvez a simbiose perfeita entre a potência, a persistência e a fiabilidade de um motor alemão, mas que, numa altura em que o mundo lhe prefere atirar à cara a ideia da reforma e da veterania, parece ter arranjado em Kane e neste novo modelo do Bayern um novo fôlego, já com três golos apontados. O que deixa sempre espaço para pensar o que poderia ter sido de Muller, engenharia alemã, com um Kane, elegância britânica, a seu lado, há mais anos.