Arsenalistas querem ser a primeira equipa fora das duas principais cidades a sagrar-se campeã. Já houve três tentativas do género, todas sem sucesso.
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Em terceiro lugar, mas envolvido na luta pelo título, o Sporting de Braga joga depois de amanhã (20.30 horas, BTV), na Luz, frente ao líder Benfica, cartada importante, na mira de se sagrar campeão pela primeira vez. Um desfecho que, a acontecer, significará o ponto final na eterna hegemonia de Lisboa e Porto, as principais cidades do país, que têm dividido a primazia.
Por três vezes em 88 edições, uma equipa não originária de Lisboa e Porto esteve quase até ao fim na mira do título. A luta do próprio Braga, em 2009/10, ainda estará na memória de muitos, mas houve mais dois casos, sempre sem final feliz.
Época 1966/67. Portugal acabara de alcançar o terceiro lugar no Mundial e na antiga primeira divisão arranca a corrida para suceder ao campeão Sporting. O Benfica, de Fernando Riera, destaca-se, mas a Académica, orientada por Mário Wilson, dá luta até à penúltima jornada. Uma vitória das águias (2-0), frente ao Belenenses, garantiu-lhes o cetro, apesar de a Briosa ter batido o Varzim (2-1). No final, o Benfica somou mais três pontos. "Fizemos um excelente campeonato, mas as derrotas (1-2 e 0-1) com o Benfica foram fatais. Bastava termos ganhado um jogo", lembra, ao JN, Mário Campos, antigo jogador dos estudantes.
Cinco anos depois, foi o Vitória de Setúbal a desafiar a lógica. Orientada por José Maria Pedroto, a equipa sadina quebrou só a quatro rondas do fim. Acabou num histórico segundo lugar, a dez pontos do campeão (Benfica). "Estivemos 25 jogos sem perder e fora de casa nunca perdemos, o que raramente aconteceu, mesmo aos grandes", recorda, ao JN, Octávio Machado, que integrava o plantel do Vitória de Setúbal, nessa época.
Em 2009/10, o Braga, de Domingos Paciência, intrometeu-se na luta e discutiu o título até à derradeira jornada. Na penúltima ronda, o líder Benfica perdeu no Dragão (1-3) e ficou só com mais três pontos do que os minhotos, que tinham vantagem no confronto direto. No último jogo o Braga foi empatar ao Nacional (1-1), mas mesmo que tivesse ganhado, não teria sido campeão, pois o Benfica bateu o Rio Ave e acabou com cinco pontos de avanço. Meyong, que jogava nos guerreiros, lamentou, ao JN, o desfecho daquela Liga: "Foi pena. Estivemos tão perto... Mas agora poderá ser diferente".
POR DENTRO
Vitória ameaçou por quatro vezes
O Vitória de Guimarães ficou quatro vezes em terceiro na Liga. Na primeira (1968/69), o clube minhoto esteve na luta pelo título até à antepenúltima jornada. Mas acabou a três pontos de Benfica (campeão) e a um do F. C. Porto (vice), isto, claro, na antiga pontuação.
Duplo feito fora do trio do costume
Em 86 dos 88 campeonatos (97,7%), o vencedor saiu do trio Benfica (37), F. C. Porto (30) e Sporting (19). As exceções aconteceram em 1945/46 (Belenenses) e 2000/01 (Boavista). Mas sempre com festa numa das duas principais cidades do país.