Proposta de reformulação da Liga apresentada pelo Braga prevê 24 jogos entre equipas do top-4, com o campeonato a dividir-se à 17.ª jornada.
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O Braga vai submeter junto da Liga uma proposta para reformulação do modelo competitivo da Liga. A proposta, a que o JN teve acesso, já foi discutida com responsáveis da Federação, da Liga e com a Secretaria de Estado do Desporto.
A proposta prevê a manutenção do número de equipas em 18, mas pretende que o campeonato seja disputado em três fases, ao invés das habituais 34 jornadas no confronto "todos contra todos". Os bracarenses sustentam que é urgente reformular o atual quadro de competições para aumentar a competitividade e reduzir a diferença entre as equipas de topo e as do fundo da tabela, onde Portugal lidera entre as principais ligas europeias, procurando também maximizar as receitas e dar maior margem de calendário para as equipas nas competições europeias.
O clube minhoto realça a importância destas alterações com a chegada da centralização dos direitos audiovisuais.
A proposta da direção de António Salvador
António Salvador já havia aberto a porta ao novo modelo competitivo que o Braga vai propor à Liga, mas o JN teve acesso à proposta que os bracarenses vão submeter à Liga para a alteração dos modelos competitivos em Portugal. A ideia dos minhotos passa por dividir o campeonato em três fases: a primeira fase terá as 18 equipas no modelo semelhante ao atual, todas contra todas; na segunda fase, e com base na classificação das primeiras 17 jornadas, a tabela é partida em dois grupos: um com os oito primeiros classificados, outro com os restantes 10.
As equipas que terminem a primeira fase nos primeiros oito lugares farão, na segunda fase, sete jogos - novamente todas contra todas, evitando a repetição do calendário da primeira fase, isto é, se o Braga jogar com o F.C. Porto em casa na primeira fase, irá jogar fora na segunda fase. Após o término destes sete encontros, o grupo seria novamente partido - os quatro primeiros lutariam pelo título e jogariam entre si duas vezes, em casa e fora. Os restantes quatro emblemas jogariam pelas vagas restantes para as competições europeias, que podem ser duas ou apenas uma, mediante a classificação portuguesa no ranking da UEFA.
Os últimos 10 da primeira fase jogarão todos contra todos, a duas mãos, sem a tabela se voltar a partir. A despromoção continuaria como está: descem à Liga 2 os últimos dois classificados e o antepenúltimo jogaria um play-off de acesso com o terceiro classificado do segundo escalão.
O Braga espera que a proposta cause uma discussão saudável na Liga.
Quatro argumentos do plano minhoto
Subir receita
A fundamentação apresentada pelos bracarenses é que o aumento dos jogos entre as principais equipas tornaria a Liga mais atrativa para adeptos, operadores e patrocinadores e, conjugada com a centralização dos direitos televisivos, que já está a ser trabalhada e maximizaria as receitas do produto, situação que beneficiaria todas as equipas. Esta alteração tem também como objetivo reduzir a dependência dos clubes portugueses em transferências para gerarem receitas, que rondaram os 82% durante a pandemia.
Maior competitividade
Outro dos tópicos que os arsenalistas consideram que este novo modelo poderá trazer é um aumento da competitividade, uma vez que as equipas de valor semelhante se encontrariam mais vezes. Um dos pontos que o Braga prevê melhorar com respeito a esta temática é o tempo útil de jogo, onde Portugal se encontra na cauda da Europa, ocupando a posição 31 entre as 36 ligas europeias. O emblema minhoto defende que o modelo apresentado verá a Liga melhorar significativamente neste aspeto.
Sem voltar a zero
Apesar da proposta dos minhotos prever várias fases, a ideia passa por continuar a premiar a regularidade, mantendo a pontuação acumulativa e nunca voltando ao zero com as mudanças de fase. Em aberto está a possibilidade, caso os clubes cheguem a entendimento, de partir a pontuação. A Liga belga, que tem um Grupo Campeonato para definir o campeão, divide os pontos alcançados na época por dois, ou seja, uma equipa que termine a primeira fase com 60 pontos começaria a fase campeão com 30 pontos.
Ajuste ao ciclo UEFA
Os calendários das competições da UEFA vão mudar em 2024 e o número de jogos europeus vai aumentar. Até chegar aos oitavos de final da Champions, por exemplo, uma equipa poderá ter de fazer 10 jogos. Assim, o Braga defende que esta alteração, que levará a uma redução do número de jogos para as equipas do top-8, dará maior margem no calendário para as equipas lusas estarem na máxima força, situação que ganha importância face ao duelo com os Países Baixos pelo sexto posto do ranking UEFA.