Das 37 SAD que têm investidores em posição maioritária, 21 delas são controladas por empresas estrangeiras. Brasileiros e asiáticos dominam.
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O futebol é cada vez mais campo aberto para grandes fortunas, controladas por magnatas e multinacionais, sendo que, em muitos casos, clubes e sócios perderam mesmo a capacidade de intervenção na gestão da vertente profissional. Em Portugal, há já 21 clubes nesta situação, uma vez que a maioria do capital se encontra nas mãos de estrangeiros.
Um pouco por todo o mundo existem clubes controlados por investidores estrangeiros, com grandes fortunas e cheios de planos desportivos. Portugal não é, obviamente, exceção. Segundo o documento relativo à transparência no futebol emitido pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), no início desta época, das 37 SAD que têm investidores numa posição maioritária em relação ao clube, 21 são controladas por estrangeiros, o que corresponde a 56%. As nacionalidades destes acionistas variam bastante, sendo oriundos de vários pontos do globo. No entanto, os brasileiros (Alverca, Alvarenga, Portimonense, Vilafranquense e União de Almeirim) e asiáticos (Anadia, Cova da Piedade, Vizela, Santa Clara e Oliveirense) estão em destaque.
Energias e muito mais
O objetivo principal destes investidores passa por fazer crescer o clube e obter lucro. "Os acionistas pretendem uma auto-valorização das equipas de futebol. Isto é, rentabilizar jogadores para depois os vender com uma margem de lucro, não só para proveito pessoal, mas também para reinvestir no clube e fazê-lo crescer a nível desportivo. Em alguns casos, o plano passa por reduzir o passivo e ter uma equipa a marcar presença nas competições profissionais", explicou Luís Agostinho, antigo diretor desportivo do Tondela, ao JN. Por curiosidade, o clube beirão é detido por um grupo espanhol.
Os proprietários da maioria do capital destas SAD têm ligações a várias áreas de atividades. A indústria de investimentos desportivos está muito presente, sendo que vários destes acionistas possuem empresas cujo principal foco de interesse passa pelos setores de direitos de imagem, transferência de jogadores e gestão de carreiras desportivas. A área das energias, sobretudo as alternativas, a do petróleo, gás e biocombustíveis são outro universo empresarial comum em muitos investidores.
Mas a forma como estes empresários entram nos clubes de futebol poderá mudar em breve. Em outubro, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto revelou a intenção do Governo em alterar o "regime jurídico das SAD". "Vem dar também um contributo para a integridade e transparência de um setor que queremos forte", adiantou, na altura, João Paulo Rebelo.
Apesar desta intenção governamental ser bem clara, o JN sabe que a alteração prevista está por enquanto suspensa, tendo em conta o facto do Parlamento ter sido dissolvido. Até às eleições de 30 de janeiro, nenhuma mudança no regime jurídico das SAD vai avançar, sendo que, caso o Partido Socialista seja novamente eleito, a intenção do secretário de Estado da Juventude e do Desporto só deverá voltar a ser estudada lá para fevereiro.