Frederico Varandas, presidente do Sporting, revelou na sexta-feira um acordo entre os leões e o Batuque FC, clube de Cabo Verde, e Bruno de Carvalho explicou este sábado, ao JN, os contornos do negócio, revelando também que Jovane Cabral chegou a Alvalade ao abrigo dessa parceria.
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"Ontem passou-me, no meio do mal ambiente ali criado. O Batuque existe e pagámos 330 mil euros. Só que, por exemplo, ao abrigo desse protocolo veio um menino que vai valer milhões e que se chama Jovane Cabral. O protocolo era fazerem-nos o scouting em Cabo Verde", começou por explicar ao JN o antigo dirigente máximo verde e branco, deixando uma questão no ar: "Agora pergunto, olhando só para o Jovane, não compensou?".
Ainda sobre a formação africana, salientou que "a única coisa que o Sporting tem de fazer é pedir os relatórios em falta". "O clube existe, não é falso", vincou Bruno de Carvalho.
Outro tema que ficou por falar foi o contrato de merchandising celebrado com a Xau Lda. "Não sei dizer nada. Se tivesse a documentação comigo, podia dizer alguma coisa. Eram tantos, tantos fornecedores, que não faço a mínima ideia. Mas no ano passado, enquanto eu lá estava, houve a comemoração dos 40 anos da ida do Sporting à China. Poderá ser derivado daí, talvez", referiu o ex-presidente dos leões.
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Bruno de Carvalho esclareceu ainda os contornos de outros negócios, sexta-feira, após a conferência de Imprensa na qual Frederico Varandas levantou o véu sobre alguns dos pontos da auditoria que não estão bem claros:
Fredy Montero - "Como foi o negócio? A proposta era, de facto, de sete milhões de euros. Mas o Barcos, por coincidência, vinha do mesmo clube e custava dois milhões. Uma parte do passe do Montero era do Seattle Sounders e o Sporting ia pagar essa verba à MLS. O que se fez para tornar o negócio mais eficaz e eficiente? Fez cinco milhões por Montero e zero pelo Barcos. Se virem a comissão do negócio, são 350 mil euros, que são a percentagem referente a sete milhões".
Alan Ruiz - "O Varandas diz que se deviam 3,9 milhões, mas é mentira. O negócio era de 4,8 milhões. A intervenção sem autorização do Sporting, de Jorge Jesus, que dizia que era este jogador e mais 10, ligando para o jogador, para o pai e para o agente, fez com que ganhassem um poder negocial tremendo. E o que aconteceu? O Alan Ruiz pediu um prémio de assinatura à volta de 2,2 milhões e os agentes pediram comissão. Quando fomos ver o negócio passou para quase 8,5 milhões. Devido à intervenção do Jorge, porque em termos do clube, ficava nos 4,8 milhões".
Bruno César - "O Jorge queria o jogador, foi-me apresentado com o custo de um milhão. Quando fui ver era um milhão limpo em prémio de assinatura, custo efetivo de dois milhões. Virei-me e disse que não queria o jogador por esse valor. Pedi ao meu pessoal para arranjar uma fórmula legal eficaz e eficiente, para que o negócio se pudesse fechar rondando os números que me tinham dado. O que aconteceu é que me trouxeram o negócio, não como prémio de assinatura, mas sim como comissão, que é uma fatura. Só se paga o que está na fatura e ponto".
MGRA (empresa de advocacia) - "O Alexandro Godinho abandonou logo a empresa em 2013. Em 2017 ou 2018, já não sei ao certo, abriu uma vaga e um dos que concorreu foi o meu ex-sogro e ficou. Não vejo nada de mal. No que toca respeito aos serviços dele, não era como disse o Varandas, apenas falar com o presidente. Não. Ficaram com toda a parte fiscal e com toda a parte do processo contra antigos dirigentes".