Fernando Pimenta encara Mundiais com a responsabilidade de sempre, tendo no horizonte vaga em Tóquio
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O ar de Fernando Pimenta é de descontração no Centro Náutico de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho, onde se prepara para mais uns Mundiais. Acabado de completar 30 anos, a 13 de agosto, fala com os colegas da festa de aniversário que está a ser preparada com a família, em Ponte de Lima. "A minha avó e os meus irmãos também fazem anos na mesma altura, vai ser celebrado tudo em conjunto", aponta. Pelo meio, brinca com os outros atletas que estão a preparar também a presença em Szeged, na Hungria.
Quem o vê, nem se lembra que está na presença do campeão mundial de K1 1000 metros e K1 5000 metros, tal é a descontração antes de mais um dia de treinos. Mesmo o próprio não acusa a pressão, a poucos dias de defender os títulos conquistados há um ano em Montemor-o-Velho.
"Ser campeão do Mundo não é uma responsabilidade acrescida. O K1 1000 metros está cada vez mais forte. O primeiro passo é apurar-me para a final dos Mundiais. Dentro da final, quero conseguir um lugar que dá acesso aos Jogos Olímpicos", afirma, lembrando que a primeira preocupação é a primeira eliminatória e só depois irá pensar na final. "Passo a passo, sem saltar", assegura.
Apesar de se sentir preparado para os Mundiais que se avizinham, Fernando Pimenta lembra a forte concorrência no K1 1000 metros e recorda os principais rivais. "Há atletas muito bons, como o da Hungria, que joga em casa e ganhou os Jogos Europeus. Há o checo, o alemão, o dinamarquês, são todos atletas muito fortes", enumera.
A pressão também é aliviada por Hélio Lucas, o seu treinador de toda a vida. "Com o Fernando Pimenta a responsabilidade é a mesma desde que o conheci, aos 12 anos. Muitas vezes o que conta é o último resultado e isso nem sempre é bom", defende Hélio Lucas, recordando que os portugueses ainda têm presente os dois títulos mundiais ganhos há um ano em Montemor-o-Velho. "Não ponho a fasquia do campeão do Mundo. Ele que faça um bom resultado, chegue às medalhas e se apure para os Jogos Olímpicos", aponta o treinador.
Bem presente está também a desilusão nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Hélio Lucas lembra que, desde as Olimpíadas no Brasil, Fernando Pimenta tem colecionado medalhas em Mundiais. Relativamente ao Campeonato que vai agora decorrer em Szeged, na Hungria, o treinador é mais cauteloso. "Ano após ano, o Fernando tem ganho medalhas e o ano passado foi campeão. Não quer dizer que volte a ser. O campeão do Mundo não se repete há mais de 10 anos", destaca Hélio Lucas.
Comitiva aspira ao apuramento olímpico
Participação feminina na prova de K4 500 metros gera expectativa quanto à possibilidade de chegar aos Jogos
Teresa, Joana e as duas Franciscas. Quatro atletas que, juntas, vão tentar o melhor resultado possível nos Mundiais de Szeged. O apuramento para Tóquio 2020 é o grande objetivo das canoístas.
"Nunca fui aos Jogos Olímpicos, espero conseguir este ano o meu primeiro apuramento", conta ao JN Francisca Carvalho. Aos 19 anos, é a mais nova das quatro e a única que nunca participou numas Olimpíadas. Mais experiente, Joana Vasconcelos aponta para o estado de espírito vivido entre as atletas. "Estamos tranquilas, a ansiedade surgirá mais perto da prova", diz a canoísta do Benfica. A opinião é partilhada por Francisca Laia, que considera normal que os nervos venham mais tarde. "Quando se trabalha bem, é normal esta tranquilidade", vinca.
Joana Vasconcelos, Teresa Portela, Francisca Laia e Francisca Carvalho vão competir no K4 500 metros. "O grande objetivo é o apuramento para Tóquio. Esse será um bom resultado", ressalva Teresa Portela, que também vai competir em K1 200 metros.
São 15 os atletas portugueses que vão estar em Szeged na Hungria, de 21 a 25 de agosto, sendo a partida para a Hungria na segunda-feira. Oito deles estiveram nos últimos dias em Montemor-o-Velho. É o caso de Hélder Silva, que vai para o sétimo Mundial consecutivo. "Iniciei há pouco tempo o C1 1000, estaria mais preparado no C1 200. No C1 200 quero ser finalista. No C1 1000 quero fazer o melhor possível", revela. Mais jovens, Bruno Afonso e Marco Apura vão tentar, pela primeira vez, chegar a uns Jogos Olímpicos em C2 1000 metros. "Há este incentivo com o apuramento para Tóquio. Acreditamos que pode acontecer e lutamos para isso", diz Marco.