Danilo Ferreira, selecionador nacional, explica que o título europeu e mundial não era uma utopia numa equipa totalmente amadora.
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O trajeto começou a partir do sonho do professor Joaquim Escada para tornar o andebol em cadeira de rodas numa modalidade paralímpica. Esse sonho, aliado a muito trabalho e a uma colaboração entre a IHF (International Handball Federation) e a EHF (European Handball Federation), deu asas a Portugal para conquistar o Campeonato do Mundo e o Europeu da modalidade, após a vitória sobre os Países Baixos (18-10), no fim de semana.
Depois de já terem estado presentes em quatro finais europeias (perderam três e ganharam uma), a equipa das quinas conseguiu chegar a um patamar de excelência. "Este título traz mais responsabilidade e exigência e coloca Portugal como uma grande referência. Este feito prova a muita gente que afinal não somos malucos por termos este objetivo", explica, ao JN, Danilo Ferreira, selecionador nacional.
Nesta variante do andebol, nenhum dos novos campeões é profissional e nem sequer é remunerado. Além disso, o selecionador explica que os atletas têm de ultrapassar mais dificuldades do que os outros, mas que dentro de campo não diferem dos demais atletas das modalidades não adaptadas. "Têm, sem exceção, exatamente a mesma determinação, mas na vida pessoal precisam de encarar algumas dificuldades".
Na caminhada portuguesa, Ricardo Queirós foi eleito o melhor jogador do torneio e Danilo Ferreira descreve-o como o "atleta que todos os treinadores de todas as modalidades gostariam de orientar", sublinhando as competências a nível pessoal e desportivo.
A bola é mais pequena e as balizas têm 1,70 metros de altura
O andebol em cadeira de rodas tem algumas especificidades para que os atletas se possam adaptar da melhor forma. Entre as várias regras, a entrada na área por parte de um jogador é determinada pela roda da frente da cadeira, as balizas têm apenas 1,70 metros de altura e os atletas usam uma bola mais pequena (número 2) e não podem utilizar resina. O jogador pode realizar três puxadas (propulsão) na cadeira, o que equivale aos "três passos", antes de driblar, passar ou rematar. Não é permitido conduzir a bola sobre as pernas. Além disso, um jogador não pode permanecer mais de três segundos com a bola na mão.