Cinco portugueses a dar tudo pelas equipas e por uma etapa na Volta à Espanha

Sérgio Paulinho (Tinkoff-Saxo), o mais calejado, com um total de 14 grandes voltas, vai correr a "Vuelta" pela sétima vez, enquanto André Cardoso (Cannondale-Garmin) avança para a quarta e Nelson Oliveira (Lampre-Merida) repete a presença de 2011. José Gonçalves e Ricardo Vilela (Caja Rural) são os "novatos" e os únicos que estiveram na Volta a Portugal.

"O que procuro é tentar fazer um bom trabalho em prol da equipa, em prol dos líderes e como objetivos pessoais tracei tentar estar numa fuga e disputar uma etapa, quem sabe. (...) O trabalho de casa foi bem feito e a partir de agora é esperar e ter um bocadinho de sorte. No ciclismo moderno sabemos mais ou menos as condições em que nos vamos apresentar, com os dados que obtemos a treinar, e isso dá-me motivação para esta Volta a Espanha", resumiu André Cardoso.

Em declarações à Lusa, o trepador do Porto, de 30 anos, destacou a dureza da 70.ª edição da Volta a Espanha e espera tirar benefício disso. "Agrada-me este tipo de percurso. A etapa de Andorra [11.ª], apesar de ser bastante curta, é uma etapa com bastante [desnível] acumulado [cerca de 5.000 metros] e esse tipo de etapas são as que mais me favorecem e aquelas em que consigo ter mais realce".

Cardoso sabe, no entanto, que a sua ação estará muito condicionada à defesa dos líderes da equipa, o irlandês Daniel Martin e o norte-americano Andrew Talansky (11.º no 'Tour'), o mesmo acontecendo com Sérgio Paulinho, apesar de a Tinkoff-Saxo se apresentar sem a sua grande referência, Alberto Contador, vencedor da 'Vuelta' em 2008, 2011 e 2014.

Sérgio Paulinho, que este ano acompanhou o madrileno na sua vitória na Volta a Itália, é o único dos portugueses presentes que já conheceu o triunfo numa etapa da corrida espanhola. Aos 35 anos, sem Contador e com o polaco Rafal Majka como chefe-de-fila, talvez encontre um pouco mais de espaço para repetir o êxito de 2006, ano da sua melhor classificação (16.º).

Vindo da Volta a França, Nelson Oliveira espera que, desde a saída de Puerto Banús, no sábado, até à chegada a Madrid, a 13 de setembro, "as coisas corram como correram no Tour e que as pernas correspondam, apesar do cansaço que se tem vindo a acumular" ao longo da época.

"Do Tour já recuperei, não sei se a 100% ou não, só na Volta a Espanha, quando partir e passar uns dias, é que saberei se o corpo corresponde àquilo que espero. Espero que corra da melhor maneira e vamos tentar chegar a Madrid", disse à Lusa o bicampeão nacional de contrarrelógio.

Tendo Przemyslaw Niemiec e o espanhol Rubén Plaza como líderes da equipa, o corredor de Anadia, de 26 anos, também sonha em ganhar uma etapa.

"Penso que é o objetivo de qualquer corredor, quando entra para a uma prova como a Volta a Espanha, com 21 etapas. Vou tentar entrar nas fugas, mas depende também dos objetivos da equipa, do que me propuserem", sublinhou.

Ricardo Vilela e José Gonçalves, que fizeram o 'estágio' na Volta a Portugal, vão estrear-se na Volta a Espanha.

"É um sonho realizado, porque é uma das três grandes voltas e qualquer ciclista gosta de fazer uma corrida deste nível", disse à Lusa José Gonçalves, mostrando-se consciente das diferenças, tanto na duração, com mais 10 etapas, como no nível superior das equipas.

Além disso, o ciclista Barcelos tem a noção de que esta é a corrida mais importante da época para a sua equipa, a espanhola Caja Rural, que não ambiciona lutar pela geral, mas que vai querer dar nas vistas, em fugas ou em vitórias parciais.

José Gonçalves, que "gostaria de acabar a Volta a Espanha e tentar discutir uma etapa", teme acima de tudo as três semanas de corrida. "O máximo que fiz foi 14 dias de competição seguidos. Receio um pouco o número de dias. São 21, mais os dois de descanso, não sei como me vou encontrar", admitiu o minhoto, de 26 anos, confessando que "um resultado positivo, num dia, era estar entre os três primeiros numa etapa".