Treinador do F. C. Porto comenta a expulsão em Mafra e diz que no futebol português só os árbitros são "protegidos".
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Sérgio Conceição falou pela primeira vez sobre o cartão vermelho que lhe foi mostrado no jogo da Taça de Portugal com o Mafra, que o pode afastar do dérbi de sábado com o Boavista.
"Não sei se vou ser castigado [a possível suspensão só deverá ser conhecida esta sexta-feira à tarde], mas não tenho nenhuma ansiedade em relação a isso. A minha ansiedade tem a ver com outros problemas, bem maiores, da vida. [Quanto à expulsão], temos é de olhar para o futebol português, para a qualidade das equipas, para os resultados que têm feito na Liga dos Campeões, para a quantidade de jogadores que vão ao Mundial pelas diferentes seleções... Não vai lá estar, penso eu, nenhum árbitro português. Há muito a melhorar, em todos os aspetos, e na arbitragem também. Há árbitros com qualidade, mas quando se é protegido, não há tendência a melhorar", afirmou.
"A arbitragem é protegida. Não temos acesso a um áudio entre o VAR e o chefe máximo da partida, neste caso o árbitro. Eu, se digo uma coisa a um árbitro, é escrito de uma determinada forma, que me castiga, e eu, mesmo com testemunhas, não posso dizer o contrário. Como treinador, sou analisado pelos resultados que tenho e ao fim de um, dois ou três negativos, com um campeonato perdido por uma decisão de um árbitro, com alguma incompetência da minha parte, sou metido fora", referiu.
"O futebol português tem de melhorar em tudo, incluindo em alguns excessos dos bancos, nomeadamente no nosso, do F. C. Porto, e em mim, naquilo que é a minha postura. Mas não vou mudar. Já me expulsaram por causa de um olhar fulminante... Vou continuar exatamente da mesma forma. Financeiramente, não preciso do futebol. Preciso do futebol porque sou apaixonado. Quando deixar o futebol, serei outra pessoa, muito mais tranquila, mas não o Sérgio Conceição do qual falam nos programas", disse.
"Não me estou aqui a vitimizar por nada. Sei que não sou um treinador fácil para os árbitros, nem para as equipas adversárias, e daí toda a campanha. Também não fui um jogador fácil para os treinadores que tive pela frente. Posso estar aqui mais 10 ou 15 anos no futebol e não mudo. As pessoas não mudam. Podem corrigir e obviamente que eu tenho de corrigir alguns excessos", acrescentou, referindo-se ainda à expulsão no clássico com o Benfica: "Eu não disse [ao árbitro João Pinheiro] que era uma vergonha ele ser benfiquista e foi por isso que fui expulso e castigado. Eu disse só que ele era benfiquista. Ponto. Estavam lá outras pessoas que ouviram. Só por dizer isso, soube depois que não apanhava nenhum jogo de castigo. Apanhei um jogo, porque eles escrevem [nos relatórios] aquilo que acham que têm de escrever. Às vezes, as pessoas acham que ouvem uma coisa e não ouvem".
Sobre o jogo com o Boavista, Conceição está à espera de um dérbi que "não vai fugir às características dos últimos anos", ou seja, "muito intenso e agressivo no bom sentido". O técnico portista insistiu que "há muito campeonato para jogar", referindo-se à desvantagem de oito pontos em relação ao Benfica, mas admitiu que os dragões não podem voltar a tropeçar. "Já perdemos pontos diante de equipas que, à partida, tínhamos todas as condições de vencer. Agora, temos de olhar para a frente. Não vale a pena pensar no que aconteceu no passado. Há muitas batalhas até se chegar à reta final", afirmou.
Em relação a Pepe e ao facto de ter sido convocado para o Mundial, apesar de não jogar no F. C. Porto há cerca de um mês devido a uma lesão, o treinador confirmou a recuperação do central: "Já está a treinar normalmente e pronto a dar o contributo à equipa".