Membros do Governo e figuras da política portuguesa já começaram a reagir ao resultado da candidatura inicialmente protagonizada por Portugal e Espanha à organização do Campeonato do Mundo de futebol de 2030
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O presidente da República congratulou-se, esta quarta-feira, com o resultado da candidatura inicialmente protagonizada por Portugal e Espanha à organização do Campeonato do Mundo de futebol de 2030, considerando que "supera as expectativas".
Numa curta nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na internet, Marcelo Rebelo de Sousa refere que, "desde que foi lançada a candidatura de Portugal e Espanha" à organização deste mundial, era sua convicção que se tratava de "uma candidatura vencedora".
"O resultado hoje conhecido supera as expectativas, porque passou de uma candidatura apenas europeia, a uma candidatura europeia, africana e sul-americana, ligando países que têm uma História em comum", acrescenta o chefe de Estado.
"Conquista histórica"
O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, considerou, esta quarta-feira, que a organização conjunta do Mundial2030 de futebol por Portugal "é uma conquista histórica", a "unir diferentes culturas".
"O Mundial de Futebol 2030 será organizado conjuntamente por Portugal, Espanha e Marrocos! Uma conquista histórica que muito nos orgulha. Unir diferentes culturas através do Desporto! Parabéns à Federação Portuguesa de Futebol pelo trabalho desenvolvido", assinalou o governante nas redes sociais.
"Dia de celebração"
A ministra Adjunta, Ana Catarina Mendes, saudou "o momento histórico" do anúncio da FIFA de que Portugal, Espanha e Marrocos vão organizar em conjunto o Mundial de Futebol de 2030, considerando que "é um dia de celebração para os portugueses".
Em declarações na Assembleia da República, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, que tutela a área do Desporto, não adiantou, para já, mais detalhes sobre a organização, questionada sobre se existe um estimativa de custos ou qual o número de estádios envolvidos em Portugal. "Teremos tempo de falar sobre toda a organização. Hoje o que é relevante é o sucesso da candidatura, a escolha da FIFA desta candidatura, a demonstração de unidade nesta diversidade de culturas e na capacidade de o desporto de também ele fazer integração", disse.
Ana Catarina Mendes considerou que este "é um dia de celebração para os portugueses, para o futebol e para o desporto em Portugal". "Trabalharemos para que, mais uma vez, a organização seja um orgulho para os portugueses e é nisso que estaremos empenhados nos próximos tempos", assegurou.
"Temos que fazer muito trabalho"
O ministro da Economia e do Mar manifestou-se "feliz" por Portugal ser um dos organizadores do Mundial 2030, mas alertou que é preciso "fazer muito mais trabalho porque não é o futebol" que vai salvar o país.
"É evidente que estou feliz com essa notícia, nós somos um país de amantes de futebol, vai ter um impacto na economia, mas se quer que lhe diga temos que fazer muito mais trabalho, porque não é o futebol que nos vai salvar", disse António Costa Silva, que falava aos jornalistas à margem do 'I Sustainable Blue Economy Investment Forum', que decorreu no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais.
"O futebol é importante, vamos organizar um grande evento, mas eu estou muito mais preocupado com aquilo que vai ficar para o futuro. E nós já temos o exemplo claro do Euro2004 que trouxe estádios, alguns hoje estão desaproveitados e é por isso que mais importante do que o futebol, mais importante que as coisas que são conjunturais, nós temos de apostar naquilo que vai transformar a economia portuguesa", prosseguiu o ministro da Economia.
Líder do PSD espera organização "sóbria, moderna e transparente"
O presidente do PSD, Luís Montenegro, saudou a escolha de Portugal como um dos países organizadores do Campeonato do Mundo de futebol de 2030, desejando "uma organização sóbria, moderna e transparente".
Numa publicação na rede social X (antigo Twitter), Montenegro dá ainda os parabéns à Federação Portuguesa de Futebol (FPF). "A escolha de Portugal como um dos países organizadores do Mundial de Futebol 2030 é uma oportunidade de projeção do país no mundo! Que sejamos capazes de ter uma organização sóbria, moderna e transparente", escreveu o presidente do PSD.
IL quer Governo a explicar custos e estimativas de retorno
A IL anunciou que quer que o Governo explique no parlamento os custos e as estimativas de retorno da realização do Campeonato do Mundo de Futebol de 2030, pretendendo saber que mecanismos de transparência e controlo de despesa serão implementados.
Em declarações aos jornalistas no parlamento, a deputada da IL Patrícia Gilvaz começou por referir que, por princípio, os liberais não têm "nada contra a realização de grandes eventos em Portugal". "Mas para que possamos tomar a nossa posição há um conjunto de perguntas que gostaríamos de ver respondidas e, por isso mesmo, iremos chamar a senhora ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares", revelou.
Com essa audição, segundo a deputada da IL, o partido pretende "perceber qual é que vai ser o apoio do Governo português a essa mesma candidatura e qual vai ser o custo total que esse apoio vai ter no bolso dos portugueses". "É importante perceber se já há alguma estimativa do retorno financeiro da realização deste evento. Se há, qual foi a entidade que realizou esse estudo? Esse estudo vai ser ou não público?", questionou ainda.
Chega apela a que se aproveite potencial do evento
O presidente do Chega saudou o facto de Portugal ter sido escolhido como um dos países organizadores do Campeonato do Mundo de Futebol de 2030, apelando a que se tire proveito do "enorme potencial" deste evento.
Em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República, André Ventura manifestou "satisfação" com a escolha anunciada hoje pela Federação Internacional de Futebol (FIFA), dizendo que é "uma grande notícia para o país, para o futebol português e para o desporto português". "Apelo a que os responsáveis dos organismos que tutelam o futebol em Portugal, sobretudo os que estão à mesa da organização do próprio evento saibam, ao contrário do que tivemos noutros eventos, conseguir potenciar que Portugal saia verdadeiramente vencedor, não só no campo como também em termos de economia que será feita e desenvolvida à volta deste evento", apelou o líder do Chega.
Ventura considerou importante que "o Governo e os organismos que tutelam o futebol em Portugal" tenham "a capacidade de trazer para Portugal uma série de vantagens que este evento pode trazer".
PCP com reservas sobre custo
O PCP defendeu que a escolha de Portugal como um dos organizadores do Mundial 2030 não esconde a "inexistência de uma política desportiva" nacional e manifestou reservas sobre os custos e eventual legitimação do conflito no Saara Ocidental.
Em declarações aos jornalistas na feira de Vila Franca de Xira, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou que se "admite a realização de grandes eventos internacionais" em Portugal, salientando que o Mundial 2030 não será o primeiro, mas ressalvou que há "três aspetos que é preciso não deixar de ter em conta".
O primeiro, disse, é o impacto que a organização do Campeonato do Mundo de Futebol de 2030 irá ter em termos de "custos e recursos públicos", sobretudo tendo em conta "as prioridades que são precisas para o país", referindo-se, por exemplo, às questões da saúde. "Depois há uma outra questão que estes grandes eventos internacionais desportivos não podem deixar de ter em conta, que é a inexistência de uma política desportiva em Portugal nas suas mais diversas modalidades e com tantas provas dadas do ponto de vista desportivo", acrescentou.
Por último, Paulo Raimundo disse ainda que estar preocupado que o modelo do Mundial 2030 - que Portugal irá organizar em conjunto com Marrocos e Espanha - possa vir a legitimar um "conflito existente entre Marrocos e o Saara Ocidental", que disse não ser "bom, em particular para o povo sarauí".