O Barcelona tem vindo a descer uma grande encosta financeira nos últimos anos. A acumulação de dívidas, o escasso sucesso desportivo e as quebras nas receitas motivadas pela pandemia são algumas das razões que explicam esta crise.
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Origens
O sucesso que o Barcelona viveu, sobretudo entre os anos 2005 e 2015, permitiu que o clube chegasse a um nível de conforto financeiro. No entanto, a partir de 2017 que a situação se tem descontrolado e as finanças dos catalães estão numa fase de declínio constante.
Neymar era, a par de Messi, o principal ativo da equipa. Quando saiu para o PSG em 2017 a troco de 222 milhões de euros, o Barcelona procurou por um substituto à altura e contratou vários jogadores que não ofereceram o retorno desportivo que esperava
De 2017 até julho de 2020, o Barcelona gastou mais de 700 milhões de euros em contratações. O investimento valor deu um retorno de apenas duas La Liga, uma Taça e Supertaça de Espanha, sendo que as eliminações na Liga dos Campeões foram uma grande desilusão para um projeto que tanto investiu.
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Philippe Coutinho foi a contratação mais dispendiosa. Após os 145 milhões de euros pagos, o brasileiro nunca mostrou o nível exibido em Liverpool, ficando muito aquém das expectativas. Após uma série de empréstimos, é visto agora como um jogador a ser vendido para aliviar a folha salarial.
Ousmane Dembélé custou aos cofres do clube 125 milhões de euros, mas as lesões impediram-no de triunfar e neste momento não é um prioritário para a equipa. Por fim, Griezmann teve uma época 2020/2021 a um bom nível, mas ainda mostrou alguma dificuldade em justificar os 120 milhões de euros investidos.
Com estas contratações e com a falta de retorno desportivo, o Barcelona acumulou dívidas elevadas e não teve lucros suficientes para equilibrar as contas. O recém eleito presidente Joan Laporta tem esse objetivo, mas a pandemia e as regras de teto salarial da Liga espanhola dificultam o trabalho.
Cortes salariais e as novas contratações
A Liga espanhola implementou uma dura estratégia de teto salarial, para que os clubes não façam várias contratações avultadas e evitar que entrem em falência constante. O Barcelona é um dos afetados por esta medida, que viu o seu limite salarial a ser reduzido em 197 milhões de euros. Em 20/21, podia pagar até 347 milhões, mas para esta época viu este valor a reduzir para 160 milhões. Para ter em perspetiva, dado o tamanho e globalidade do clube, o teto salarial é menor que equipas como o Leicester ou Everton, bastante menos valiosas que os catalães.
É necessário que o Barcelona encaixe cerca de 200 milhões de euros com transferências, para não só poder equilibrar as contas, mas também conseguir inscrever novos jogadores e, sobretudo, renovar contrato com Messi.
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Eric Garcia, Agüero e Depay foram contratados a custo zero, mas auferem um ordenado elevado, e a La Liga informou o clube que para inscrever os novos jogadores têm de reduzir a folha salarial, portanto, vender atletas.
A questão de Messi e o futuro
O objetivo principal do Barcelona é renovar com Messi. Aliás, pode dizer-se que é contratar Messi novamente, visto que o vínculo do argentino terminou no dia 30 de junho. O compromisso do jogador não está em causa, visto que aceitou reduzir o salário em 50% para ajudar a equipa.
Mas para resolver o tema do avançado e inscrever as novas contratações, é necessário que o clube reduza a massa salarial, sendo que o plano passará pela venda de alguns jogadores. Umtiti, Pjanic, Neto e Braithwaite deverão ser colocados noutros locais, mas é preciso que outros atletas como Busquets e Sergi Roberto aceitem uma redução no vínculo.
A venda de Coutinho ou Dembélé também poderia interessar ao Barcelona. Não só pelo pouco rendimento desportivo mostrado até ao momento, mas também pelo elevado ordenado recebido. O problema é que estão ambos lesionados, o que torna mais difícil uma possível transferência.
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Caso não consigam as vendas necessárias, os catalães podem ver-se obrigados a transferir algumas das principais estrelas como Ter Stegen, Frenkie de Jong, Fati ou Pedri, o que implicaria perdas no âmbito desportivo.
As dificuldades financeiras não passam só por Barcelona, sendo que devido ao contexto pandémico e até de insucesso desportivo de alguns clubes, poucos têm poder de compra. Equipas como PSG ou Manchester City, que são detidos por grupos privados, são os que, de momento, tem maior conforto económico.