Duelo de titãs no Puskas Arena. Os supersónicos Cristiano Ronaldo e Kylian Mbappé vão medir forças esta quarta-feira em campo e o confronto promete dar faísca e momentos de grande espetáculo.
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Com 36 anos e três golos no torneio, o capitão de Portugal espantou o planeta, no sábado, ao correr 97 metros em 14 segundos antes de marcar à Alemanha, atingindo uma velocidade máxima de 32 km/h! O francês, bem mais novo, com apenas 22 anos, ainda procura estrear-se a marcar no Europeu, mas já deu também muito que falar. Diante dos germânicos, fez um pique fantástico (média de 34 km/h) que só não deu golo devido a um corte providencial do defesa Mats Hummels. Percorreu 50 metros em menos de 10 segundos e hoje será uma seta permanentemente apontada à baliza de Rui Patrício, coadjuvado no ataque por Griezmann e Benzema.
Curiosamente, Ronaldo foi o ídolo de Mbappé quando este era adolescente. O quarto de Kylian estava decorado com imagens do português e, em 2013, durante uma visita ao Real Madrid, teve a oportunidade de o conhecer. Muito envergonhado, quase não falou.
Na infância, viu inúmeros vídeos de CR7 com o objetivo de copiar o estilo de jogo do português. As estatísticas foram igualmente estudadas ao pormenor pelo jovem Kylian. Nessa altura, Cristiano era um jogador feito e já tinha conquistado algumas das cinco bolas de ouro que recebeu na carreira.
No Euro 2020, o português tem objetivos a concretizar. No topo da lista dos melhores marcadores, CR7 tentará isolar-se do belga Lukaku e do checo Schick, também com três golos.
Com a hipótese ainda incerta de Portugal se apurar para os oitavos de final, será um dos duelos mais importantes da temporada de Ronaldo. O objetivo é revalidar o título europeu, feito que o francês tentará pela primeira vez, depois de, em 2018, se ter sagrado campeão do Mundo.
Como parar a dupla
Ambos têm um aspeto em comum: estão com fome de títulos, já que a época não lhes correu particularmente bem nos clubes. Falharam a conquista do campeonato, mas ganharam as taças de Itália e de França, respetivamente, assim como a Supertaça.
Ao JN, João Aroso, antigo adjunto de Paulo Bento na seleção, explicou ao JN a melhor maneira de parar Mbappé. "A seleção portuguesa não poderá jogar com um bloco muito adiantado, porque, ao fazê-lo, ficará mais difícil controlar o espaço em profundidade. Depois, há duas questões fundamentais: se receber a bola de costas, não se pode deixá-lo virar-se para o jogo e tem de haver um cuidado especial com os lançadores. No jogo com a Alemanha, Toni Kroos pôde jogar à vontade e isso não pode voltar a acontecer", afirmou.
E como parar Ronaldo? "Não gostava de dar a receita aos franceses, mas eles não vão estar a ler (risos)... Quem estiver na sua zona tem de o controlar muito bem porque tem facilidade em rematar com ambos os pés e de cabeça. Esconde-se bem dos defesas e das marcações para aparecer no momento certo", contou, destacando a permanente luta com os centrais. "Tem uma noção apurada dos espaços e a prova disso é que todos já o vimos a dizer aos assistentes, em pleno relvado, se se enganaram ou não ao assinalar-lhe fora de jogo. Ele sabe sempre onde está".
Maioria francesa não assusta Cristiano
As bancadas do Arena Puskas, em Budapeste, vão ter mais adeptos franceses: cerca de oito mil contra seis mil portugueses. Nada que assuste Cristiano Ronaldo, habituado a jogar em campos adversos e até a que gritem por Messi sempre que toca na bola. A pouca presença de público luso tem sido recorrente no Euro 2020. No primeiro jogo, Portugal atuou num recinto cheio de húngaros e CR7 respondeu com dois golos. Em Munique, na última partida, também marcou na casa dos alemães, mas o resultado foi muito desfavorável (2-4).