O Festival de Veneza terminou em clima de emoção, com homenagem a Giorgio Armani, falecido aos 91 anos. No encerramento, atriz brasileira Fernanda Torres desfilou um vestido do criador italiano, numa edição que consagrou Jim Jarmusch com o Leão de Ouro.
Corpo do artigo
O encerramento do Festival de Veneza ficou marcado por uma homenagem sentida a Giorgio Armani, falecido na quinta-feira aos 91 anos. Fernanda Torres percorreu a passadeira vermelho com um vestido assinado pelo estilista italiano, sublinhando a forte ligação entre cinema e moda nesta 82.ª edição.
A atriz brasileira soma já três presenças no certame. Em 2024 esteve em Veneza com "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, exibido em sessão especial. Este ano, o convite foi distinto: integrar o júri oficial, reforçando o reconhecimento internacional do seu percurso.
Armani, o cinema e Veneza
Armani foi recordado ao longo da cerimónia de encerramento como um aliado do cinema e um amigo de Veneza. A Armani Beauty patrocina a mostra há oito anos consecutivos, e a ligação do criador à sétima arte começou em 1980, quando assinou o guarda-roupa de Richard Gere em "Gigolô Americano". Seguiram-se colaborações em títulos como "Os Intocáveis", de Brian De Palma, ou "Os Bons Companheiros", de Martin Scorsese, com quem construiu uma amizade de décadas.
"Armani ensinou-nos que a criatividade e a cultura do design vivem nos espaços onde as disciplinas se encontram", afirmou Carlo Ratti, curador da Bienal de Arquitetura, ao anunciar o Prémio Armani Beauty Spectators para "Calle Malaga", de Maryam Touzani.
Três dias antes da sua morte, o grupo Armani tinha celebrado em Veneza os 50 anos da marca, numa festa que contou com a presença de Cate Blanchett, uma das estrelas que mais vezes vestiu Armani no festival.
Já na sua primeira aparição na passadeira de gala como jurada, Fernanda Torres tinha honrado esse legado ao escolher um vestido Giorgio Armani, gesto que marcou simbolicamente o encerramento do festival - considerado um dos mais prestigiados do cinema mundial e um termómetro para os Óscares.
Palmarés da 82.ª edição
O júri distinguiu "Father Mother Sister Brother", de Jim Jarmusch, com o Leão de Ouro de Melhor Filme.
O Grande Prémio do Júri foi entregue a "The Voice of Hind Rajab", de Kaouther Ben Hania, enquanto Benny Safdie venceu o Leão de Prata de Melhor Realização por "The Smashing Machine".
A Taça Volpi de Melhor Atriz foi atribuída a Xin Zhilei, em "The Sun Rises on Us All", de Cai Shangjun, e a de Melhor Ator a Toni Servillo, por "La Grazia", de Paolo Sorrentino. O prémio de Melhor Argumento foi para "À pied d"œuvre", de Valérie Donzelli, enquanto "Sotto le nuvole", de Gianfranco Rosi, recebeu o prémio especial do júri. O Marcello Mastroianni, para revelação, distinguiu Luna Wedler em "Silent Friend", de Ildikó Enyedi.
Milão decretou luto oficial esta segunda-feira, dia do funeral privado de Giorgio Armani, cuja ligação ao cinema e ao Festival de Veneza deixa uma herança difícil de igualar.