Cristiano Ronaldo concedeu uma entrevista a Piers Morgan onde fala de toda a polémica a envolver a presente época, incluindo os problemas familiares e no Manchester United.
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Cristiano Ronaldo foi muito elogioso com o rival de muitos anos, Lionel Messi. "Messi é um jogador incrível, mágico. Dividimos o palco por 16 anos, por isso tenho uma grande relação com ele. Não sou um amigo de estar em casa ou falar ao telemóvel, mas tenho muito respeito por ele, até pela forma como ele fala de mim. Até as nossas mulheres se respeitam muito. É o melhor jogador que já vi, sem ser eu. Nunca jantámos juntos mas um dia gostava, porque não? Adoro conhecer pessoas e partilhar ideias e aprender outras. Se me quiserem juntar ao Messi num clube? Tudo é possível no futebol, iam vender muitas camisolas", admitiu.
"Tenho de jogar mais dois, três anos, no máximo. Quero retirar-me aos 40 anos. A vida é dinâmica, nunca sabes o que vai acontecer", esclareceu CR7. Para o futuro, há mais planos extra-futebol. "Gostava de escrever um livro, um que ajudasse as pessoas a manterem a longevidade. Quero melhorar o meu inglês também, vejo-me, quando me retirar, a falar para milhões de pessoas e a dar conselhos sobre como manter a longevidade e ser um profissional. Sobretudo, como ganhar. Acho que posso inspirar pessoas e sou um modelo a seguir. Gostava de falar para os jovens e com os pais", disse.
Sobre o Mundial, Cristiano Ronaldo admitiu que está otimista, mas que a edição de 2022 será a última da carreira. "Dificilmente irei a outro Mundial, este é provavelmente o meu último. Mas estou otimista, temos um grande treinador e grandes jogadores, acredito que vamos fazer um grande torneio. Eu sonho com um Mundial, estou preparado física e mentalmente".
CR7 admitiu que um novo desafio poderá ser benéfico. "O que mudou da época passada, onde marquei muitos golos, para esta? Não fiz pré-época (risos). Achas que desaprendi a marcar? Não estou tão motivado, é normal, sou humano. A minha motivação não é a mesma de há uns meses. Não sei se preciso de um novo desafio, mas vamos ver, não posso responder já porque estou focado no Mundial. Mas talvez seja melhor para o Manchester e para mim eu ter um novo desafio", disse.
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O avançado ainda falou sobre os rumores de transferências no mercado de verão. "A imprensa de lixo disse que ninguém me queria no verão, o que é mentira. Como não queriam um jogador que na época passada marcou 32 golos? Claro que não sou o mesmo jogador, todos os dias toda a gente fica mais velha. Mas eu adapto-me ao tempo e vou continuar a marcar golos se a minha mente estiver feliz. Mas quando sentes que a energia à tua volta não é boa, é difícil seres tu próprio. Nos últimos três meses falaram muito de me rejeitarem e isso é mentira. Tive alguns clubes que me queriam mas eu não quis ir porque estava confortável no Manchester United", continuou.
Cristiano Ronaldo falou também sobre o facto de ter falhado a pré-época e da suspensão, depois de ter recusado entrar contra o Tottenham.
"Disseram que precisava da pré-época e precisava de esperar pelo meu momento e eu entendi. Mas o Ten Hag não teve a mesma atitude com outros jogadores. Entendo que ele chega a um novo clube e eles devem limpar a casa. Mas a forma como ele agiu foi porque a comunicação não foi a melhor. Ao início entendi porque não fiz a pré-época mas outras coisas aconteceram que as pessoas não sabem. A empatia com o Ten Hag não é boa. Ele não me respeita como eu mereço, talvez tenha sido por isso que abandonei o campo contra o Tottenham", começou por dizer.
CR7 falou sobre a polémica de ter abandonado o jogo contra o Tottenham mais cedo, que motivou um castigo por parte do Manchester United. "Ter saído mais cedo contra o Tottenham é algo de que me arrependo. Mas senti-me provocado pelo treinador Erik Ten Hag por me querer colocar apenas três minutos em campo, não sou este tipo de jogador, posso dar mais à equipa e não permito isso. Na pré-época contra o Rayo Vallecano muitos jogadores saíram mais cedo mas só falaram de mim, da ovelha negra", disse.
"Quando o Ten Hag disse que me respeitava eu achei que são desculpas. Respeito que escolha outros jogadores, mas a mentira tem perna curta. Ok, não me colocas contra o Manchester City por respeito à minha carreira mas queres-me colocar em campo a três minutos do fim contra o Tottenham? Fez de propósito, na seleção nacional se precisarem de mim nos últimos cinco minutos eu ajudo, mas neste contexto foi a provocar-me, toda a gente sabe disto. Ele continua a dizer coisas para a imprensa. Gosto de frontalidade e não de mentiras, nunca vou negociar os meus valores", continuou.
"Senti-me desapontado pela comunicação do Manchester United, eles suspenderam-me em três dias por ter saído do jogo contra o Tottenham mais cedo, mas nunca tive problemas noutros clubes. Foi uma vergonha e uma humilhação. O Cristianinho perguntou-me se não ia jogar, eu disse que estava suspenso e ele riu-se e questionou como podiam suspender o melhor jogador do Mundo. Foi bom porque senti-me relaxado mas estava desapontado. Arrependi-me, pedi desculpa mas suspenderem-me três dias foi demasiado". E continuou: "Não me digas que jogadores de topo vão jogar três minutos, isto é inaceitável. Depois de dizerem que me respeitam... isto para mim não é respeito. Eu arrependo-me, pedi desculpas aos meus colegas. Mas ao mesmo tempo não me arrependo de ter tomado a decisão, se não tens respeito por mim eu não tenho respeito por ti. O Ten Hag não tem respeito por mim, daí a minha relação com ele estar assim".
Cristiano Ronaldo deu ainda mais pormenores sobre as razões que o levaram a falhar a pré-época. "Na pré-época tive um problema nas férias. A minha filha teve bronquite. Ela esteve uma semana no hospital. As pessoas criaram histórias mas têm de entender que sou um ser humano, vou estar sempre ao lado da minha família. Tenho as cartas do hospital. Passei um mau momento e estava preocupado. O presidente do Manchester não acreditou que algo se passava. Nunca trocaria a saúde da minha família pelo futebol. Foi algo que me magoou porque duvidaram da minha palavra. Por isso é que não fui à pré-época não era justo deixar a minha família por isso. No futebol toda a gente é egoísta, não querem saber dos teus problemas, só te querem a ti, não interessa os problemas. No geral, não só no Manchester. A imprensa duvidou do profissional que sou, é impossível estar 21 anos no topo sem ser profissional e toda a gente duvidou de mim, o que me deixou triste", continuou.