A única presença do Iraque em Mundiais é a do México-86. O aparecimento dos iraquianos na alta roda do futebol é provocado por um contexto político bastante delicado com a subida ao poder de Saddam Hussein (quem mais?). Entre poços de petróleo, armas nucleares e bunkers, o ditador quer entrar à força no futebol.
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Em 1980, o Iraque estreia-se nos Jogos Olímpicos, em Moscovo. Em 1984, outra participação olímpica, desta vez em Los Angeles. Os dados estão lançados, o Iraque tem jogadores para ir mais além. É então que Saddam entrega o pelouro futebolístico ao filho Uday. A partir daí, o futebol ganha outra dimensão e é o momento de tirar partido do partido.
Se a qualificação para o Mundial-86 é um hino ao improviso (final da zona asiática vs. Síria em campo neutro, por imposição da FIFA, ainda com resquícios da célebre guerra entre Iraque e Irão), o que dizer das duas polémicas medidas de Uday: a do despedimento do seleccionador herói Edu (entra Evaristo de Macedo, outro brasileiro) e a dos equipamentos. Como assim? Em vez do verde e brancos às riscas verticais, a selecção de Uday aparece de amarelo (vs Paraguai) e azul céu (vs Bélgica e México). Os jogadores não gostam nada, e, claro, nada podem dizer. Porquê amarelo e azul? São as cores do Al Rasheed, clube iraquiano gerido por Uday.
Adiante. Em Toluca (México), no dia 4 Junho, o Iraque estreia-se em Mundiais e cai o carmo e a trindade em cima do intervalo. Ahmed Radhi cabeceia para o golo e faz o empate. Só que não. O árbitro Picon-Ackong, das Maurícias, apita para o intervalo durante a jogada. É uma cegada (no duplo sentido). Quatro dias mais tarde, o mesmo Ahmed Radhi marcaria (agora sim) o primeiro e único golo do Iraque em Mundiais. Na baliza, o famoso belga Jean-Marie Pfaff.