O avançar do cronómetro nos instantes finais não foi suficiente para Rochele Nunes segurar a vantagem que tinha nos oitavos de final nos Mundiais de judo, surpreendida com um "ouchi gari" da francesa Julia Tolofua.
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A entrada nos quartos - que lhe daria a certeza de fazer mais combates -, ou nas meias-finais ou na repescagem -, esteve nas mãos da judoca portuguesa, mas Tolofua atacou para um tudo ou nada a 25 segundos do fim e com êxito.
"É frustrante, senti que estava a controlar bem e quando levamos este golpe dói um pouco mais. É como se eu estivesse quase, mas o judo tem isso, já ganhei lutas e hoje acabei, infelizmente, perdendo", disse no final a judoca.
Rochele Nunes tinha um histórico desfavorável com Tolofua, com quem tinha combatido três vezes, e vencido apenas uma, mas esta quarta-feira, na Arena Humo, até conseguiu equilibrar, apesar de a francesa ser fisicamente superior, mais alta.
No combate, em que se esperavam grandes dificuldades, Rochele Nunes teve via aberta para o sucesso, a partir do momento em que pontuou para "waza-ari" aos dois minutos, a meio do combate, em que Julia Tolofua ia encontrando resistência na portuguesa.
Com o tempo a favor, já no último minuto, a judoca tentou gerir a defesa, mas foi castigada com um segundo "shido" a 31 segundos do final e foi aí que perdeu a concentração na sua estratégia, mais reativa e menos tática.
O suficiente para Tolofua impor o próprio judo nesses instantes, conseguindo derrubar Rochele Nunes, com "waza-ari", e, já no solo, prosseguir com a imobilização, em mais 10 segundos, pontuando para "ippon".
O sonho de Rochele em voltar com uma medalha depois de quase um ano parada, devido a uma rotura do ligamento cruzado do joelho direito, ficou por terra, com a judoca a sair de Tashkent com uma vitória e uma derrota, resultado semelhante a Joana Diogo (-52 kg) e Anri Egutidze (-90 kg).
Antes, no primeiro combate, Rochele Nunes tinha feito valer o seu favoritismo perante a checa Marketa Paulusova (78.ª), num duelo em que também se colocou em perigo, com dois castigos - o terceiro equivale a desclassificação (hansoku-make).
A falta de combatividade levou a arbitragem a penalizá-la, logo aos 44 segundos e 1.33 minutos, mas a portuguesa 'despertou' dessa inexplicável apatia, para marcar 'waza-ari' a meio do combate (01.59), concluído com a imobilização (ippon).
A judoca foi a última dos oito portugueses em prova, num campeonato em que Bárbara Timo conquistou a única medalha, ao ser bronze em -63 kg, enquanto Jorge Fonseca, que venceu dois de quatro combates (-100 kg), falhou o 'tri' mundial.
Fonseca apresentava-se em Tashkent com o dorsal vermelho de campeão do mundo e no caso em duas edições consecutivas, em 2019 em Tóquio, quando se tornou o primeiro português a ser ouro num Mundial da modalidade, e em 2021 em Budapeste.