Espanhol conseguiu no Grande Prémio Douro Internacional a primeira vitória como ciclista profissional. Fã de Alberto Contador, elogia qualidade do ciclismo nacional.
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De desconhecido no pelotão nacional a vencedor de uma das mais duras provas do calendário em Portugal. David Domínguez (Aviludo/Louletano/Loulé Concelho) foi o surpreendente vencedor do Grande Prémio Douro Internacional, arrebatando a camisola amarela no último dia da prova. O corredor, espanhol, de apenas 23 anos, que se está a estrear como ciclista profissional, conseguiu a primeira vitória com esse estatuto, mas ao JN partilhou desejar voos maiores para a carreira, que começou no BTT, antes de se fixar na estrada.
Qual é a sensação de vencer o GP Douro Internacional?
Agora mais relaxado. Foi uma prova muito dura, mas de que desfrutei muito. Sabia que vinha muito forte, e tanto eu como a equipa fizemos um excelente trabalho. Ganhar pela primeira vez a classificação geral de uma prova, frente a rivais fortes, é muito importante, e logo no meu primeiro ano como profissional. É algo inesquecível.
Sentiu desde o início que podia vencer a corrida?
Logo no primeiro dia, em que chegámos em grupo, percebi que podia estar na frente. Na terceira etapa, fui terceiro, mesmo tendo uma avaria na subida final. Sempre senti que as pernas estavam bem. A última etapa não era tão dura, mas havia muitas equipas que queriam vencer, e tivemos de trabalhar muito. Preparei-me, fazendo treinos em altitude, em Andorra, e estudei bem as etapas.
Sendo esta uma prova mediática, dá mais motivação?
Ser uma corrida com tanta visibilidade é bom para os ciclistas, para as equipas e para os patrocinadores, porque há muita gente a seguir. No final do dia, vi no telemóvel que os meus pais me enviavam tudo o que se escrevia sobre a corrida. Antes de dormir, ia sempre ver os vídeos dos finais das etapas. É motivador.
Que palavra deixa a Francisco Peñuela, que perdeu a liderança para si no último dia?
Foi, talvez, o corredor mais forte da prova, mas teve o azar dos problemas de saúde da equipa [RP/Paredes/Boavista]. Dei-lhe os parabéns por todo o esforço.
Como se deu a oportunidade de vir para Portugal e ter o primeiro contrato profissional?
Portugal sempre teve muitos bons ciclistas e equipas fortes. Além disso, tanto a Volta a Portugal como a Volta ao Algarve são provas muito importantes no panorama internacional. Quando recebi esta oferta da Aviludo/Louletano/Loulé Concelho, uma boa equipa, com tradição e excelentes corredores experientes, senti que tinha de aproveitá-la. Temos um grupo muito bom e é excelente poder aprender com eles e também oferecer-lhes esta vitória.
O que acha da qualidade do pelotão português?
Não me surpreendeu, porque no ano passado fiz o Grande Prémio JN, pela equipa Zamora Enamora, e vi logo que o nível é muito alto. No início deste ano custou-me um pouco adaptar-me ao andamento, porque há corredores muito bons. Quando a montanha aperta, há sempre muita gente na frente. Espero ainda evoluir com a competição.
Vir correr para Portugal foi a aposta certa nesta fase?
Já posso dizer que foi escolha certa para esta fase inicial da minha carreira. Aqui, o nível é muito alto. Mesmo quando cá vêm equipas espanholas correr, sentem muitas dificuldades. Pode ser uma boa montra para que equipas de maior dimensão vejam o meu trabalho e me contratem. Vou aproveitar para aprender o mais possível.
Como entrou o ciclismo na sua vida?
O meu pai era jogador de basquetebol, mas eu comecei no ciclismo com cinco anos, no BTT. Depois, com 12 anos, comecei no ciclismo de estrada e cada ano gostei mais. Ainda combinei com outras modalidades, como o futebol e o atletismo, mas no final fiquei apenas com as bicicletas. Cheguei a ser um dos melhores ciclistas juniores de Espanha e depois nos sub-23 estive em boas equipas e fiz bons resultados que me motivaram.
Quais são os objetivos para a sua carreira?
Gostava de dar um salto para o patamar seguinte, uma equipa Profissional Continental ou World Tour. Em termos de corridas gostava muito de fazer a Volta a Catalunha. Para todos os ciclistas catalães, como eu, é uma prova muito importante, pois tem visibilidade e passa pelas estradas onde treino.
Quem é o seu ídolo nesta modalidade?
Como sou trepador, gosto muito de Alberto Contador. Competi na equipa dele em 2022, e ficou a ser ainda mais a minha referência. Ele corria sempre ao ataque, como eu gosto de fazer.
Vamos poder vê-lo a competir na Volta a Portugal?
O nosso diretor ainda não divulgou a equipa que vai à Volta, mas gostava muito de ir. Talvez o bom resultado que fiz aqui me ajude a convencê-lo a levar-me [risos]. Vou trabalhar para isso.