O Ministério Público concluiu que não há indícios de prova de importunação sexual por parte de Miguel Cardoso a uma jogadora de 16 anos. A decisão poderá influenciar o Tribunal Arbitral do Desporto a reverter a suspensão imposta pelo Conselho de Disciplina.
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Miguel Afonso foi acusado por várias jogadoras do Rio Ave, no ano passado, de assédio sexual, num caso que remonta à época 2020/21, o que levou o Conselho de Disciplina da FPF a suspendê-lo por 35 meses. No despacho de arquivamento a que o JN teve acesso, o MP pronuncia-se apenas sobre uma acusação de assédio sexual a uma jogadora de 16 anos, o único que foi analisado, por se tratar de uma menor, uma vez que, sendo um crime público, não precisa de queixa. As restantes eventuais lesadas não chegaram a apresentar queixa-crime.
No documento, a procuradora da República Carla Palmeira justifica que "porque não se mostra minimamente indiciada a prática do crime de importunação sexual de menor por parte do denunciado [Miguel Afonso] à ofendida [a menor], determina-se o arquivamento dos presentes autos". Resumindo, o MP não encontrou provas da prática de qualquer crime por parte de Miguel Afonso sobre a menor.
Esta decisão do MP poderá influenciar o futuro profissional do treinador de futebol. Segundo apurou o JN, Miguel Afonso já tinha recorrido da suspensão do Conselho de Disciplina da FPF para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), num processo cujas alegações finais decorreram na semana passada. Resta, agora, a Miguel Afonso aguardar pela decisão do tribunal. O JN sabe que a decisão do Ministério Público poderá influenciar o TAD no sentido de levantar a suspensão ao treinador, uma vez que não foram encontradas provas para acusar o visado. Este caso suscitou dúvidas uma vez que foram várias as jogadoras a apresentarem queixa na FPF, mas nenhuma avançou com uma queixa-crime junto do MP.
Segundo apurou o nosso jornal, o Conselho de Disciplina da FPF pretende manter o castigo a Miguel Afonso, apesar de o MP ter arquivado a queixa de importunação sexual. Tudo está nas mãos do TAD.
Comunicações tramaram Miguel Afonso
Em novembro passado, o Conselho de Disciplina (CD) da FPF suspendeu Miguel Afonso devido a ter tentado, "por via de comunicações diversas mantidas com as suas jogadoras, seduzi-las e ultrapassar a mera ligação profissional e desportiva entre treinador e atletas, o que deixou as futebolistas nervosas, desconfortáveis e tristes, sentindo-se humilhadas e constrangidas". Segundo o comunicado do CD da altura, Miguel Afonso pedia "fotografias do corpo sob a promessa de que ficava em segredo", procurava saber qual era a orientação sexual das mulheres, pedia elogios físicos sobre ele próprio e "comentava que gostava da forma como uma jogadora se movia e se tocava e perguntava-lhe se sentia "tesão" por ele".