Com o Mundial à vista, selecionador português enfrenta chuva de críticas. Tem contrato até 2024, mas só um grande torneio no Catar poderá acalmar a tempestade.
Corpo do artigo
Era a Liga das Nações, que Portugal até já ganhou com Fernando Santos, mas o mundo quase desabou sobre a cabeça do selecionador após a derrota de anteontem com a Espanha, que afastou a equipa das quinas da final four da prova. Pela forma como o desaire se consumou, as críticas ao técnico luso foram unânimes e até a imprensa espanhola foi violenta nas palavras. "É um fardo às portas do Mundial. Portugal tem mais jogadores do que treinador", escreveu, de forma arrasadora, o jornal "Marca".
Descontando o exagero das expressões, os factos dizem que, desde a conquista da Liga das Nações em 2019, Santos tem colecionado resultados que fizeram perder a paciência a muitos adeptos e que lhe retiraram uma parte do (enorme) crédito acumulado com a histórica vitória no Euro 2016.
Desde as eliminações nos oitavos de final do Mundial 2018 e do Euro 2020, passando pelas agruras na qualificação para o Mundial 2022, até à terrível coincidência de ter perdido três jogos decisivos em casa quando precisava apenas de um empate para se apurar (com a França, Sérvia e agora Espanha), o que significou duas vezes seguidas o adeus à Liga das Nações, o técnico tem passado entre os pingos da chuva.
Para além dos resultados, constatou-se uma série de exibições abaixo do nível que a qualidade dos jogadores à disposição exige, e com o Campeonato do Mundo à porta, não será exagero dizer que só um grande resultado no Catar poderá acalmar a tempestade em redor de Fernando Santos, mesmo que o selecionador diga que não se sente beliscado porque tem "contrato até 2024".
O Mundial será a prova dos nove e há problemas para resolver na equipa portuguesa, sendo que o maior de todos está relacionado com a baixa de forma de Cristiano Ronaldo. Toda a gente sabe que o capitão é imprescindível para o técnico e que este é avesso a substituí-lo durante os jogos, pelo que a situação atual tem tudo para se manter no Catar, com Fernando Santos e os adeptos portugueses a torcerem para que o craque regresse depressa aos golos e às boas exibições.
A recente premonição do selecionador, de que "o melhor está para vir", fez subir a expectativa, mas também a pressão. No Catar, ganhar será o único remédio.
Convocatória em novembro
A seleção portuguesa entra em estágio para o Mundial a 14 de novembro e a data do anúncio dos 26 jogadores convocados, ainda por oficializar, deverá acontecer apenas na semana anterior. Antes da partida para o Catar, Portugal faz um jogo particular com a Nigéria, em Alvalade, a 17 de novembro.
Grupo perigoso no Catar
No Mundial, Portugal ficou incluído no Grupo H, com Gana, Coreia do Sul e Uruguai. A seleção lusa estreia-se diante dos ganeses (24 de novembro), jogando depois com os uruguaios (dia 28) e com os coreanos (2 de dezembro).