Descanso, mas só para alguns. Massagistas trabalham o dobro no dia de pausa da Volta
O dia de descanso da Volta a Portugal só o é em teoria. Os corredores aproveitam a manhã para treinar, os mecânicos afinam as bicicletas e os massagistas tratam da recuperação dos atletas. Uma massagem da cabeça aos pés, com o dobro do tempo, para aguentar as duras etapas que faltam cumprir até dia 15.
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Depois de uma primeira metade frenética, a caravana da Volta a Portugal estaciona durante um dia para recarregar baterias. Aquele que é conhecido como "o dia de descanso", na verdade, de descanso não tem nada.
Não há etapa para cumprir, mas a corrida faz-se na mesma. Enquanto os atletas saem para treinar, depois do pequeno-almoço, os massagistas começam a tratar daquele que se espera ser um dia atarefado. "Aproveitamos para ir fazer compras: repor águas, frutas e outros alimentos. Entretanto eles chegam, temos almoço marcado para as 14 horas, e depois descansam um bocadinho antes de receberem a massagem", explica ao JN Alexandre Patrício, massagista do Atum General-Tavira.
Se no final das etapas a massagem dura cerca de 40 minutos, no dia de descanso o tempo duplica. Uma hora e meia de massagem completa, a cada ciclista, para recuperar energia e aliviar a pressão da prova. "Pode-se dizer que é mesmo de relaxamento porque não há o stress da corrida, o controlo anti-dopping ou o pódio. Eles estão mais tranquilos e nós também, não temos a tensão de os massajar rápido antes do jantar".
Além de mais demorada, a massagem do descanso não se foca só nas pernas. Da cabeça aos pés, todos os músculos são estimulados, e ainda há tempo para meter a conversa em dia, falar sobre as etapas cumpridas e sobre o que falta fazer. "A tarde está tirada só para a massagem. É o único dia em que conversamos, nos outros dias o pouco tempo que eles têm é para estarem nas redes sociais a publicarem as suas etapas", esclarece o massagista do atual camisola amarela, Alejandro Marque.
Apesar de se ocupar do ciclista que é, até ao momento, líder da classificação geral, Patrício revela que no dia de descanso, essa pressão não existe dentro da equipa. "Hoje é como se fosse um 'time-out', não estamos na corrida. O objetivo é mesmo que eles se esqueçam um bocadinho da pressão de estarmos líderes".
Depois de uma tarde completa de massagem, o dia não terminou. É preciso preparar os bidões com água e sais e tratar dos abastecimentos para o dia seguinte. "Para nós, o dia de descanso não tem nada de descanso, é o dia mais trabalhoso".