Director do Vitória de Setúbal acusa Carlos Costa de beneficiar sociedade imobiliária de que era accionista
O director do Vitória de Setúbal João Martins acusou hoje, terça-feira, o presidente da antiga Comissão de Gestão, Carlos Costa, de ter beneficiado uma sociedade imobiliária aquando da aprovação do protocolo que redefiniu a utilização de terrenos do Bonfim.
Corpo do artigo
"Carlos Costa faltou à verdade e induziu os vereadores da Câmara de Setúbal em erro, ao afirmar, na sessão pública em que foi aprovado o protocolo (20 de Agosto de 2008), que o aumento da área edificável nos terrenos do Bonfim, de 50 000 para 52 000 metros quadrados, permitiria ao Vitória de Setúbal ficar com mais dois mil metros dessa área edificável a custo zero e para sempre", disse.
O protocolo do Bonfim, que foi aprovado, por maioria, pela Câmara de Setúbal, viabilizou a redefinição dos terrenos do Bonfim, transformando dois lotes (8 e 9) em cinco, e abriu caminho à construção de um hotel, um centro comercial e zonas habitacionais.
Em declarações à Agência Lusa, João Martins garantiu que o Vitória de Setúbal ficou a ganhar apenas 750 metros de área edificável (e não os dois mil que terão sido referidos por Carlos Costa na reunião de câmara), porque já era titular de 1 250 metros quadrados.
Por outro lado, João Martins afirma que os maiores beneficiários foram a Pluripar, detentora dos direitos de superfície do Estádio do Bonfim, e a Sadisetúbal, sociedade imobiliária em que Carlos Costa era accionista.
"A Sadisetúbal foi beneficiada em 1 458 metros quadrados, porque passou de 23 542 para 25 000 metros quadrados de área edificável e a Pluripar ficou com mais 1 250 metros quadrados -- passou de 48 750 para 50 000 metros quadrados", disse.
O dirigente sadino não contesta o benefício que reverteu a favor da Pluripar, mas garante que os contratos celebrados anteriormente, entre o clube e a Sadisetúbal, estabelecem que o Vitória de Setúbal terá de ser devidamente compensado pelo aumento da área edificável daquela sociedade imobiliária.
"Há um grupo de associados que já está a ponderar a possibilidade de apresentar mais uma queixa na Procuradoria-geral da República", disse.
João Martins é co-autor de outra denúncia pela alegada deturpação da ata de uma Assembleia Geral do Vitória de Setúbal, que - defendem os signatários dessa denúncia - terá permitido a venda do terreno do Pavilhão Antoine Velge à imobiliária Sadisetúbal e posterior venda à Sociedade Lusa de Negócios (SLN).
O ex-vereador da Câmara de Setúbal Paulo Calado (PSD), que se absteve na votação do protocolo do Bonfim, considera que "as acusações de João Martins são gravíssimas" e que, "a serem verdadeiras, significam que há mais pessoas envolvidas, para além de Carlos Costa".
"Ninguém pode fazer afirmações dessas (como as de Carlos Costa) numa reunião pública, gravada, que mereceram o acordo da presidente do executivo camarário e dos vereadores da CDU, e agora nada acontecer", acrescentou Paulo Calado, que desafiou a presidente do município, Maria das Dores Meira, a prestar públicos esclarecimentos.
Contactado pela Agência Lusa, o Gabinete da Presidência da autarquia remeteu para mais tarde qualquer comentário, alegando que "estão em causa questões que merecem uma análise cuidada antes de pronunciar publicamente".
Por sua vez, o antigo presidente da Comissão de Gestão do Vitória de Setúbal, Carlos Costa, escusou-se a fazer qualquer comentário às acusações de alegado favorecimento da Sadisetúbal.