À segunda final foi mesmo de vez e Portugal conquistou o título de campeão da Europa de futebol em 2016. "É nossa", titulou o Jornal de Notícias na primeira página do dia seguinte, 11 de julho, ilustrada com uma foto em que o selecionador Fernando Santos ergue o troféu no meio dos jogadores que ajudaram a escrever a mais bela página da história do futebol português.
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Doze anos depois da desilusão vivida em Lisboa, na decisão do Euro 2004, em que o país viu o título sonhado fugir para a Grécia, Éder tornou-se no herói improvável da consagração europeia da seleção das quinas em Paris, ao marcar, já no prolongamento, o golo que derrotou (1-0) a França e voltou a fazer chorar Cristiano Ronaldo. Agora de alegria, depois do capitão ter sido arrumado do jogo muito cedo (25 minutos), deixando o relvado em lágrimas na sequência da entrada violenta de Payet que o árbitro, o inglês Mark Clattenburg, nem sequer considerou faltosa.
Sem CR7 temeu-se o pior, mas Rui Patrício esteve intransponível na baliza portuguesa, ajudando a prolongar o sonho até ao tempo extra também com a ajuda dos postes, naquele remate de Gignac nos descontos. Sem Ronaldo, que tinha sido a principal figura da seleção rumo à final, os jogadores e o selecionador uniram-se em volta de um desígnio que era de todos os portugueses. Souberam sofrer, mas nunca baixaram os braços, como se estivessem à espera daquele momento que eternizou Éder. O avançado mostrou fé e um coração enorme quando, aos 109 minutos, não teve medo de procurar a felicidade que premeia aqueles que nunca desistem de nada, na vida e no futebol, apesar dos muitos obstáculos que têm de ultrapassar.
Seguiram-se 11 minutos de sofrimento bem português até à explosão de alegria final. A festa lusitana no Stade de France alastrou às ruas de Paris - apesar do mau perder de alguns franceses - e a outras cidades gaulesas, e um Portugal eufórico fez-se sentir e ouvir um pouco por todo o mundo, com a diáspora a festejar aquele que é, até hoje, o maior sucesso do nosso futebol. Disso tudo deu conta o JN, que dedicou um terço das páginas da edição de 11 de julho ao feito da seleção nacional. Demos voz aos protagonistas em Paris, mostramos os festejos em Portugal e nos quatro cantos do planeta. E também não esquecemos os outros desportistas lusos que brilharam nesse dia nos Europeus de Atletismo, em Amesterdão, destacando as medalhas de ouro de Patrícia Mamona (triplo salto) e de Sara Moreira (meia-maratona) e as de bronze de Jéssica Augusto (meia-maratona) e de Tsanko Arnaudov (peso)