Vitória de Setúbal regressa à 1.ª Divisão 15 anos depois e graças à desistência do Fermentões
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O Vitória de Setúbal regressa 15 anos depois à 1.ª Divisão do andebol português por desistência do Fermentões. O quarto lugar da 2.ª Divisão levou a que o clube sadino fosse convidado pela Federação Portuguesa de Andebol, já que as duas equipas despromovidas - Fafe e Arsenal da Devesa - não aceitaram o lugar do Fermentões e à frente dos sadinos, na tabela classificativa estava a equipa B do F. C. Porto.
A Direção do Vitória de Setúbal não pensou duas vezes e aceitou o convite, e agora só pretende garantir a permanência. Sem hipótese para festejar em campo, as verdadeiras celebrações da subida aconteceram no segundo dia de treino para a nova época, a 30 de julho. Os jogadores e a equipa técnica foram surpreendidos no pavilhão com dezenas de adeptos e membros da claque para os felicitar pela subida. Lançaram-se foguetes e durante todo o treino a equipa foi incentivada com mensagens de apoio. "Setúbal tem a tradição do andebol e a cidade merecia voltar a ter os principais jogos no nosso pavilhão", assume Vítor Hugo Valente, presidente do clube, que relembra como a cidade sentia o andebol há 15 anos. "O Vitória era conhecido e invejado no país inteiro pelo ambiente de festa que havia nos jogos, numa altura em que os adeptos saiam do futebol e iam assistir ao andebol. Hoje, apesar de o horário ser diferente, esse público vai voltar a encher o pavilhão e puxar pela equipa", prossegue o presidente do clube. Ao longo dos últimos anos, quando a equipa sénior de andebol regressou à competição nos escalões mais baixos, a assistência média no pavilhão tem rondado os 700 adeptos, metade da lotação. Com a subida, espera-se pavilhão esgotado em todos os jogos.
A tradição do andebol reflete-se também na formação, uma aposta para um clube que se quer afirmar em definitivo na 1.ª Divisão. Hoje, há cerca de 200 jovens nas camadas de formação e esse número tem vindo a crescer. "O recente percurso da equipa, com as consecutivas subidas de escalão, estimula os mais jovens, e leva a que haja um grande interesse na formação". O V. Setúbal reforçou-se com jogadores do Benfica, Sporting e Boa Hora, mas também com atletas provenientes do Brasil e da Sérvia. Apesar de a média de idades ser baixa, 24 anos, a equipa técnica acredita que vai estar preparada para os desafios.
Sair para voltar e cumprir um sonho de criança
Nascido e criado em Setúbal, Gonçalo Valério fez a formação no Vitória antes de partir para o Sporting, Benfica e depois para o estrangeiro. Hoje, com 24 anos, volta à equipa onde desde criança sonhava jogar na 1.ª Divisão portuguesa. "Lembro-me de assistir aos jogos do Vitória na 1.ª Divisão e o pavilhão ia ao rubro, tal era a euforia do público. Em criança queria estar ali dentro, com a equipa", refere o ponta direita, que ainda assim considera que o apoio sentido hoje é maior do que o que acontecia há 15 anos.
"Decidi voltar muito em parte devido aos adeptos e porque acredito que o Vitória tem condições para se manter na primeira liga, de onde nunca devia ter saído", assume Gonçalo Valério. O jogador estava a recuperar de uma lesão no menisco desde fevereiro, quando ainda representava o Angers, em França, e desde essa altura que acompanhou a equipa, na assistência. Essa qualidade de observador e agora, já incluído na equipa, leva-o a considerar que o V. Setúbal tem que se preparar mentalmente para o desafio da 1.ª Divisão que aí vem.
Pavilhão recuperado para receber a elite
Durante o ano em que Setúbal foi a Cidade Europeia do Desporto, em 2016, o pavilhão Antoine Velge foi completamente requalificado pelo grupo de investidores Macau Legend, interessado na construção de uma marina na cidade. Os trabalhos, concretizados em conjunto com a autarquia, incluíram a renovação do pavimento do campo e dos balneários, a par da pintura integral do edifício, que recebeu num novo design decorativo. Além desta intervenção, o município assumiu diversas beneficiações no exterior do recinto.
O histórico pavilhão apresenta-se agora na primeira liga de cara lavada e com melhores condições para jogadores e público. "O pavilhão não tinha as melhores condições devido aos anos em que a equipa sénior não competia e fruto do desuso, mas hoje pode-se dizer que é um dos melhores em Portugal", afirma o vice-presidente do clube e responsável pelas modalidades, Sérgio Casal. O investimento na recuperação deu-se no âmbito de protocolo e mecenato entre a autarquia e o grupo investidor Macau Legend.
Treinador já sentiu a camisola como jogador
Danilo Ferreira jogou pela equipa principal do Vitória de Setúbal na última vez que esteve no principal escalão e agora, 15 anos volvidos, treina os sadinos. O técnico de 45 anos lidera a equipa desde o ano passado e considera estar preparado para a primeira Liga. "Queríamos melhorar o quarto lugar obtido na segunda Liga e era com esse objetivo que preparava uma equipa que lutasse pela promoção. Com a notícia da subida, julgo que nada mudou em termos técnicos, já que a equipa tem qualidade suficiente para lutar pela permanência no principal escalão", diz o treinador natural da ilha da Madeira.
A notícia da subida levou os treinadores adversários a contactar Danilo Ferreira para lhe desejar sorte, mas também para demonstrar felicidade por voltarem a jogar em Setúbal. "O ambiente de festa e apoio no pavilhão é histórico e todos as equipas querem jogar aqui", refere o técnico, que pretende fazer desse apoio "o oitavo jogador" em campo. "Os nossos adeptos perdoam as derrotas, mas têm que sentir que a equipa deixa tudo em campo e é isso que quero este ano", conclui.
Plantel:
Guarda-redes
Tiago Silva
Alexandre Moura
Alan Santos
Centrais
Ricardo Pereira
Pedro Padre
Pontas
Gonçalo Grácio
Gonçalo Valério
Rodrigo Alcácer
Mário Fuzeta
Tiago Martins
Francisco Fuzeta
Pivôs
Uros Markovic
David Tavares
Laterais
Joaquim Nazaré
Nicola Egic
Tiago Costa
André Praxedes
João Casal
João Moura
Universal
Artur Pereira