O Al-Ahli, clube egípcio orientado pelo português Manuel José, decidiu, esta quinta-feira, suspender as actividades desportivas de todas as secções por tempo indeterminado, na sequência da tragédia que se abateu na quarta-feira sobre o desporto egípcio.
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O presidente do clube Hasan Hamdi anunciou também que as suas equipas não voltarão a jogar nos próximos cinco anos na localidade de Port Saïd, onde ocorreram os trágicos acontecimentos que resultaram na morte de 74 pessoas, após o jogo entre a equipa do Al Masri e do Al-Ahli.
A suspensão das actividades desportivas afectará todas as competições, quer nacionais quer internacionais, das 19 modalidades que o clube desenvolve, o que terá repercussões de grande magnitude nas selecções nacionais, visto que estas se abastecem maioritariamente de atletas do Al-Ahli.
Numa conferência de Imprensa realizada na sede do clube, Hamdi declarou igualmente um luto de 40 dias e anunciou a abertura de uma conta bancária para recolher donativos destinados às famílias das vítimas mortais, tendo o Al-Ahli já contribuído com uma verba de um milhão de libras egípcias (cerca de 120 mil euros).
Ao mesmo tempo, o presidente da federação egípcia de futebol solicitou à Junta Militar que governa o país que conceda às vítimas da tragédia o mesmo estatuto de mártires atribuído aos que perderam a vida na revolução de 25 de Janeiro de 2011, que derrubou o ex-presidente Hosni Mubarak.
Finalmente, o dia 1 de Fevereiro foi declarado como "dia do mártir" pelo Al-Ahli, que construirá uma estátua em honra dos que pereceram.
Segundos testemunhos presenciais, os adeptos do clube de Port Saïd, o Al Masri, invadiram o terreno de jogo no final deste com o intuito de lincharem os jogados do Al Ahli, resultando numa verdadeira batalha campal perante a passividade das forças policiais.