O Futebol Clube da Foz conquistou, pela primeira vez na história, a Taça A. F. Porto, ultrapassando três marcações de grandes penalidades. O troféu é o culminar do trabalho que tem vindo a ser feito nos últimos anos e deixa os portuenses a sonhar com um futuro risonho. Em 2023/24 vão disputar a Taça de Portugal
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Foi no Estádio Municipal das Laranjeiras, em Paredes, que o FC Foz derrotou o Vila Caiz, nos penáltis (0-0, 4-2), conquistando um troféu importante para dar forma ao trabalho que vem sendo desenvolvido nos últimos anos. Pelo caminho, o emblema da Foz do Douro eliminou Marco 09, Sousense, Aliança de Gandra, São Lourenço do Douro e Pedrouços, todos da Divisão de Elite, com a particularidade de ter vencido três desempates por grandes penalidades.
"Nunca treinámos penáltis", explica, ao JN, o treinador Pedro Fonseca, que está ligado ao clube desde 1999, como jogador, tendo assumido a equipa principal na temporada passada. "Não queria dar a imagem que estávamos a pensar em ir aos penáltis, até porque tínhamos marcadores com muita qualidade nesse momento e não queria expô-los a um possível falhanço no treino, que os condicionasse na hora decisiva", salientou o técnico.
Sendo o primeiro troféu ao comando do Foz, Pedro Fonseca fez notar o quão especial foi o momento em que se sagrou vencedor da Taça A. F. Porto. "Foi especial porque tenho uma relação quase umbilical com o clube. Acompanhei o crescimento do clube e fiz parte desse processo, portanto ver a alegria na cara das pessoas do Foz foi uma sensação fantástica", explica.
Embora o objetivo principal, que consistia em atingir a fase final da Divisão de Elite, tenha sido falhado - ficaram no 8.º lugar da série 1 - a época é considerada positiva por treinador e presidente, que estão de acordo quanto ao momento em que sentiram que era possível vencer a Taça.
"Quando estávamos a perder 2-0 com o Sousense, nos oitavos de final, e conseguimos empatar, vencendo nos penáltis, foi aí que começámos a acreditar. Foi aí que o sonho começou a nascer", explica o líder máximo, Eduardo Moreira.
"Fomos bastante condicionados com saídas de jogadores chave, lesões, além do facto de andarmos sempre com a casa às costas por não podermos jogar na Ervilha. Com tudo isto, embora o campeonato não tenha corrido como o pretendido, foi uma época positiva", considera o presidente.
Eduardo Moreira considera que este título, juntamente com o facto de o Foz voltar a competir na Taça de Portugal, em 2023/24, como já o fez em 2020/21, é uma prova da evolução do emblema portuense e espera que tenha "um grande impacto" no futuro. No entanto, o dirigente não quer dar "um passo maior do que a perna".
"Os últimos anos têm sido bons, mas queremos manter o crescimento sustentado. Mais do que contratar jogadores, eu quero é conservar os nossos e formar um núcleo duro para os anos vindouros. O nosso maior entrave ao crescimento é a falta de um campo, onde também possamos jogar, mas penso que, dentro de três anos, esse sonho vai arrancar", conta, acrescentando que apesar de ser ponderado na análise ao futuro, tem uma ambição muito vincada de "chegar ao Campeonato de Portugal, aumentar para 1000 sócios e ter um estádio" digno dos pergaminhos do clube.
Gerações diferentes, unidas pelo amor ao Foz
Para se ter sucesso, todas as peças têm de estar bem arrumadas, a contribuir para o mesmo objetivo. No sucesso que foi 2022/23 para o Foz todos fizeram a sua parte, do mais novo, Luís Cunha (20 anos), que foi eleito o melhor jogador da final da Taça, ao mais velho, o capitão Bessa (36 anos).
"Este era um sonho que eu tinha e que só foi possível com muita superação pessoal. Trabalhei para conquistar o meu lugar e agora resta-me desfrutar", explica Luís Cunha, que vem da formação do clube e fez a estreia nos seniores esta temporada, que culminou com o prémio de MVP no jogo decisivo da temporada. O médio concilia o futebol com um curso de Gestão na Universidade Católica.
Se Luís Cunha é o mais novo, Alberto Bessa é o mais velho e representa a experiência de alguém com 25 anos de ligação ao Foz, que ainda não sabe qual será a altura para pendurar as botas. "Comecei nos infantis, com um grupo de amigos, dos quais alguns ainda aqui estão. Acabar a época a fazer história é incrível e tem um sabor especial porque já são muitos anos de ligação", explica o arquiteto que está "ansioso por ver o Foz com um novo estádio" e que nota grande evolução na forma como o clube trabalha a formação.
Certamente, a conquista da Taça A. F. Porto será um dia inesquecível para as gentes do Foz e para este grupo de pessoas que abdica de muitas horas para servir um clube que se tornou uma paixão.