Saída das principais figuras das últimas épocas, Kika Nazareth e Olivia Smith, abre espaço à emergência de novas figuras.
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A evolução que o feminino registou em Portugal, nos últimos anos, deixava antever que seria uma questão de tempo até que os mercados conferissem à Liga o valor acrescentado que esta fez por merecer. Afinal, o país que, na era em que quase tudo se fazia por amor à causa, fez crescer craques como Ana Borges, Cláudia Neto ou Jéssica Silva, seria capaz, com o plano de desenvolvimento adequado, criar autênticos fenómenos da bola, à semelhança do que acontece na vertente masculina.
E assim chegamos a Kika Nazareth, craque da cabeça aos pés que, aos 21 anos, tem todos os holofotes centrados em si. Em 128 jogos pelo Benfica, marcou 82 golos e fez 32 assistências, números que impressionam quase tanto quanto as habilidades que faz com a bola. O Barcelona, de Bonmatí e Alexia Putellas, não hesitou em avançar com 500 mil euros para levar a melhor jogadora, e marcadora, da última edição da Liga portuguesa, naquela que foi uma das transferências mais avultadas de sempre a nível mundial. Para se ter uma ideia do que realmente significa esse valor neste contexto, a jogadora mais cara da história é Racheal Kundananji, que custou pouco mais de 800 mil euros aos norte-americanos do Bay FC.
Também o Sporting encaixou uma verba histórica, este verão, ao vender a atacante canadiana Olivia Smith ao Liverpool, por 250 mil euros. De uma assentada, a Liga perdeu as MVP das suas duas últimas edições, para além de figuras como Jéssica Silva e Ana Seiça, que deixaram o Benfica para rumar ao continente americano, ou Caroline Kehrer, que trocou o Braga pelo Bayer Leverkusen.
Sinais dos tempos, que abrem espaço para que outras figuras possam emergir. À cabeça surge Telma Encarnação, por quem o Sporting pagou, ao Marítimo, 180 mil euros. Possante e com uma capacidade finalizadora muito relevante, foi a segunda melhor marcadora da última edição da Liga, a par de Olivia Smith. Aos 22 anos, é tida já como um valor seguro do futebol feminino em Portugal.
O Benfica fez regressar Beatriz Cameirão, após duas boas épocas no Damaiense, e contratou ao Sevilha a terceira melhor marcadora da última Liga espanhola, Cristina Martín-Prieto, enquanto o Braga recrutou a atacante Malu Schmidt ao Valadares, bem como a médio alemã Manjou Wilde, que fez carreira na forte Bundesliga e chega do Colónia. A continuidade de Michaely Bihina no Racing Power, eleita a melhor guarda-redes do último campeonato, é mais uma garantia de qualidade de uma Liga cada vez mais competitiva.